O governo tem boas razões para comemorar. Os indicadores econômicos dão sinais claros que estamos no caminho certo. Essa é a tônica dos cadernos de economia de todos os jornais do país. O povo brasileiro, ao contrário do governo não tem motivos para festejos. A vida nunca esteve tão difícil, complicada, nebulosa e sem perspectiva. Então, como é possível tudo ir bem e tudo ir mal ao mesmo tempo? O setor financeiro - leia-se bancos - vai bem. Na condição de credores da dívida pública, recebem os juros mais altos do mundo e sem nenhum trabalho cuidam de administrar a própria conta bancária, que só engorda, numa espécie de pleonasmo econômico. Ou seria indecência? Um após outro, banqueiros de fraque, cartola e charutos cubanos, anunciam lucros nunca dantes sonhados, inimagináveis, quase obscenos. Na outra ponta da corda o povo agarra-se desesperado. Para a massa falta aquilo que se costuma chamar de infra-estrutura. Hospitais, transporte, educação e poder de compra. Sem circular o dinheiro - a única coisa realmente importante na vida - o botequim da esquina não fatura, o dono do botequim não paga a escola do filho, o dono da escola não paga os professores que por sua vez atrasam a conta telefônica e... Bem, a gente sabe o resto do filme. Esse é o grande enigma para o governo - atual ou futuro - resolver. Como distribuir a "grana" e fazer a economia do país andar. Decifra-me ou te devoro.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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