10/09/2025  16h06
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
23/11/2007 - 11h05
Lulinha Paz e Amor em Burkina Fasso
Mario Guerreiro - Parlata
 

Em sua nova e gloriosa excursão por terras d’África, Lulinha Paz e Amor não podia deixar de visitar um país de grande importância no cenário político internacional. Assim sendo, em 14 de outubro de 2007 - data fadada a entrar para a História por seu caráter ímpar - mandou o piloto do Aerolula aterrissar em Burkina Fasso. Foi o primeiro Presidente do Brasil na história a visitar esse próspero e democrático país africano. Reconheçamos que este mérito não lhe pode ser tirado!

Como sabemos, FHC só gostava de viajar para a Europa, sempre passando por Paris onde gostava de comer um chauve-souris à la crème jaune acompanhado de um suave Merleau-Ponty da safra de 1947. Mas Lulinha Paz e Amor está longe de ser um intelectual esnobe como o marido da professora Ruth e, por isso mesmo, profundamente cônscio de sua missão como estadista, só viaja para países de grande importância política e comercial para o Brasil e para o Bloco dos P 20 aspirantes ao G 7 + a Rússia. E se for pelo bem da pátria e bem-estar geral danação, Lulinha está disposto até mesmo a comer morcego com creme amarelo regado a sangue de boi.

Na realidade, Lula foi a Burkina Fasso como convidado de honra para as comemorações e bebemorações dos 20 anos de ditadura do Capitão Compaoré em que se destaca o festejo "Democracia e Desenvolvimento na África", título este que expressa duas das maiores e mais longevas aspirações do referido Continente, tão carente de ambas que tem sabido ser.

Mal o Aerolula havia aterrissado no Aeroporto Internacional Compaoré, foi recebido com palmas e ovações: "Lulá, Lula lá, Lula lá, Brésil, Brésil! Pelé! Pelé! Paul Lapin, Pôlô Coelhô!" Bem se vê que os burkinenses-fassenses são francófonos e brasilófilos, diferentemente deste autor que brasilófono e anglófilo.

Como é de conhecimento geral - até o professor Luizinho (PT-SP) certamente não ignora - no dia 5 de outubro de 1987, o então capitão Compaoré - hoje Feld-Marschall de 7 estrelas - botou para correr Thomas Sankara, Presidente Perpétuo de Burkina Fasso pela graça dos deuses benévolos e desejo do mui sábio povo.

Após um memorável plebiscito, Compaoré aprovou uma nova Constituição que lhe concedia o direito de governar o país por meio de medidas provisórias e não mais pelos autoritários decretos-leis - algo semelhante ao ocorrido, após 1988, num certo país da América do Sul em que hoje cabe ao Presidente sobre tudo legislar e ao Congresso - desde que bem molhadas as mãos dos congressistas - tudo aceitar. Mas não esqueçamos jamais que o aludido país é, bem ou mal, um Estado democrático de direito. Ou ao menos disto tem a aparência.

Pela manifesta e soberana vontade do povo de burkinofassense, Compaoré foi eleito em 1991 e reeleito em 1998 e 2005. Como é público e notório, de pleno acordo com a Constituição Burkinofassense, o Presidente pode ser reeleito tantas e quantas vezes assim desejar e este for seu real desejo, coisa muito diferente, diga-se de passagem, da Ermächtigungsgesetz concedida pelo Parlamento Alemão a Adolf Hitler e da Lei Habilitante concedida pelo Parlamento Venezuelano a Hugorila Chávez.

Como não poderia deixar de ser, Lulinha Paz e Amor mandou seu ghost-writer ir conhecer as beldades locais, tomar umas caipirinhas e hacer otras cositas más e - estando assaz inspirado naquela memorável noite de lua cheia - aproveitou o ensejo para ulular a não mais poder, perdão: para proferir mais um de seus inolvidáveis e já consagrados discursos de improviso repletos de obviedades (u)lulantes quando não de sandices acachapantes e abissais.

"Quando falamos em democracia e desenvolvimento, precisamos ter em conta uma palavra mágica que pode permitir, com mais rapidez, resolver os problemas. Essa palavra se chama paz [obs. Mais uma prova de que ele é mesmo Lulinha Paz e Amor!] Sem paz, nenhum país do mundo vai se desenvolver [obs. E só com paz também não vai; vide o caso da pacífica e miserável Albânia, país-modelo do PC do B]. Se em vez de pão, comprarmos canhão [obs. Como está fazendo o Presidente da Venezuela, por exemplo], em vez de arroz comprarmos fuzis, [obs. Como está fazendo Hugorila Chávez y Chapolín] em vez de abraçar um companheiro atirarmos nele, o país nunca irá se desenvolver". "Muito bem! Apoiado! Apoiado!" (efusivos e esfuziantes aplausos da galera!).

E não custava nada aproveitar ainda o ensejo para fazer algo que - por demasiadamente sabidos motivos - tem deixado tanto Chávez como Fidel babando de raiva: fazer propaganda do etanol brasileiro: "Por meio da implantação na África, América Latina e Ásia de cultivos próprios para a produção de etanol e biodiesel em larga escala, podemos democratizar o acesso à energia sustentável".

De fato, fazer negócios com obscuras republiquetas africanas e asiáticas é uma ótima idéia e faz parte do ideário de nossa inteligentíssima política externa que, sob o firme e sábio comando do Chanceler Excelso Amorim, recusa-se a se alinhar politicamente com nosso maior parceiro comercial: os Estados Unidos. Abajo el imperialismo ianque y viva la libertad de todos los pueblos oprimidos!, como tem dito e redito o líder caboclo Hugorila Chávez y Chapolín de Venezuela e dele feito eco Primevo Inmorales de Bolívia.

Só tem um pequeníssimo inconveniente: Como esses países costumam ter um "cu detá" - assim se lê, mas se escreve: coup d’État - de quatro em quatro anos, ou até mesmo dentro de ciclos menores, o golpista da ocasião não costuma reconhecer dívidas nem respeitar contratos feitos pelo golpeado de então. E quem teve a temeridade de fazer tais coisas com ele corre o seriíssimo risco entrar por um deslumbrante cano!

Mas isto não importa. Ó Senhor, perdoai as nossas dívidas assim como temos perdoado nossos devedores. Aliás, só de Moçambiqe foi perdoada uma dívida de R$ 1.000.000.000,00 (Um bilhão de reais) e já está sendo feita outra para jamais ser paga. Com isto, o Brasil dá um exemplo de boa vontade e generosidade em relação aos países mais carentes, um belíssimo exemplo a ser imitado por todos os países ricos credores de pobres devedores pobres.

Apêndice I: Justíssima homenagem!

Há alguns dias recebi um e-mail de um velho amigo baiano em que ele me contava que há um expressivo movimento popular de jovens soteropolitanos a favor da colocação de uma estátua do ex-governador Olívio Dutra (PT-RS) numa praça de Salvador.

Não teria a Bahia a oportunidade de receber uma grande fábrica da Ford, gerando milhares de empregos diretos e indiretos e pagando bons impostos, se o referido boi-de-botas da fronteira, com seu bigodão de Nietzsche, tivesse aceitado a instalação desse fábrica estrangeira em terras gaúchas.

Aliás, parece que isso é coisa de gaúcho macho-man nacionalista: Lembremos que o finado Brizola (PDT-RJ)- que Deus o tenha! - quando governador do Rio de Janeiro, rejeitou proposta semelhante da Fiat, que se deslocou então para Minas Gerais onde foi recebida de braços abertos.


Nota do Editor: Mario Guerreiro (xerxes39@gmail.com) é Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.