10/09/2025  16h21
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
23/11/2007 - 16h07
A reengenharia do serviço público
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Toda vez que o governo patrão obriga o funcionalismo ‘apertar o cinto’ em razão do achatamento salarial, destrói sua própria estrutura. Faz como um bicho-papão que come a ponta do próprio rabo. Perde os melhores talentos, que vão para outros segmentos, e desmotiva os que não têm condição de sair. Em vez daquela equipe vibrante e interessada, restam meros cumpridores de obrigações, enfadados, cabisbaixos e infelizes.

Já vai muito longe o tempo em que o funcionário público tinha orgulho do que fazia. Prova disso é o nível de reclamação em toda repartição, independente do órgão a que pertença. Os funcionários de hoje ganham muito menos do que anos atrás ganhavam os seus antecessores no mesmo cargo.

Recente pesquisa revela que 29,3 mil dos 230 mil professores da rede pública paulista faltam ao trabalho todos os dias. O volume (12,8%) é elevadíssimo se cotejado com as escolas particulares, onde só falta 1%. Há opiniões divergentes, mas só uma coisa é rigorosamente certa: as faltas decorrem das más relações entre o Estado-empregador e o professor.

A classe justifica a ausência pelo estresse resultante das más condições de trabalho. Para ganhar algo compatível, o professor faz jornadas duplas ou triplas e ainda convive com a violência escolar, cada dia maior. Com isso, adoece e falta. Aí se estabelece o círculo vicioso com professor doente e aluno prejudicado no seu aprendizado. Para tornar o círculo virtuoso, é necessário motivar o professor, com acesso a treinamentos, tecnologia e, o principal: salário digno. Professor motivado transmite ao aluno motivação, esperança, mostra-lhe “a luz no fim do túnel” e o encaminha rumo à cidadania.

Os países do chamado primeiro mundo descobriram a fórmula há décadas: professor titulado, bem pago e motivado, somado a escola bem estruturada, fazem a combinação exata para retirar os jovens dos caminhos da marginalidade, que geram prejuízos incalculáveis ao Estado e à sociedade.

O arrocho salarial atinge praticamente todo o funcionalismo. Além de professores, pessoal da Saúde e outros, os policiais de hoje também têm salários inferiores aos do passado. Para fugir à miséria, fazem “bico” como segurança de estabelecimentos comerciais, de boates ou pessoas, uma atividade perigosa que tem provocado a morte de muitos.

Os governos têm uma grande dívida social para com os milhões de homens e mulheres que os servem nas funções de carreira: atualizar seus salários. Não basta abonos ou benefícios temporários, que podem amenizar o momento, mas geram insegurança para o futuro.

Há que se fazer uma reengenharia funcional, dotando as repartições de sistemas e equipamentos adequados às suas finalidades e de funcionários treinados e bem pagos, que possam dar dedicação exclusiva sem ficar na miséria. Sem esse ponto de equilíbrio, continuaremos com serviços públicos precários, a população desassistida e o funcionalismo cabisbaixo. O faz-de-conta tem de acabar, com o Estado pagando salários compatíveis, o funcionário trabalhando o necessário e o povo, finalmente, satisfeito com os serviços públicos...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.