10/09/2025  16h04
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
23/11/2007 - 18h04
Tropa de bandidos
Vitor Orlando Gagliardo
 

- Bati!

E dessa forma, os visitantes, Angelo e Magali, venceram mais uma partida de buraco de Paulo e Juliana, os anfitriões. Já era uma tradição o carteado entre os amigos no domingo à noite.

- Ouviram isso? - perguntou Juliana.

O barulho aumenta. A campainha toca. Os quatro assustados vão até a porta. Para a surpresa de todos, havia dois carros da polícia e aproximadamente 40 pessoas aos berros.

- Quatro bandidos entraram na sua casa. - disse Geraldina, a moradora mais antiga e fofoqueira da rua.

Paulo e Juliana residiam em um terreno com duas casas grandes. Moravam na da frente e deixavam a dos fundos aberta nos finais de semana.

O policial intercedeu:

- Estamos na captura de quatro elementos. Precisamos investigar seu domicílio.
Paulo sem entender nada abriu a porta. Os policiais, eram cinco, entraram pelo corredor e viram marcas de sangue no chão. A mancha ficou mais forte na porta da casa dos fundos.

- Se tiver alguém aí dentro, vocês prometem que não os matarão aqui dentro? - perguntou Angelo.

- Fica tranqüilo, patrão.

Três policiais entraram e dois ficaram na porta fazendo guarda, na presença dos quatro amigos, ainda atordoados.

Após dez minutos de um silêncio quase sepulcral, saíram os policiais com os três bandidos algemados.

O número de pessoas na rua havia dobrado. Quando viram os policiais trazendo os marginais começaram as manifestações. Geraldina era uma das mais animadas.

- "Vamos acabar com esses vagabundos" ou então "Viva a polícia!".

Passado o trauma, os quatro amigos foram limpar a casa dos fundos.

- Vou pegar a vassoura e sabão - disse Juliana.

- Engraçado, não vi ninguém machucado - estranhou Magali.

- Não disseram que eram quatro bandidos? - questionou Angelo.

- Já acabou pessoal. Vamos limpar logo essa sujeira e tentar esquecer isso - falou Paulo em tom imperativo.

Os amigos se dividiram pelos cômodos. De repente, um grito. Era Juliana. Todos foram ao seu encontro e ficaram pálidos com a cena. Os policiais deixaram um dos bandidos na casa. E ele tinha um corte profundo na perna direita.

Apontando uma arma para os quatro e gemendo de dor, o bandido ordenou:

- Pelo amor de Deus, me ajudem!

Já eram quase nove horas da noite e chovia muito. O bandido pediu o telefone celular de Paulo emprestado e ligou para um comparsa pedindo ajuda.

Por volta das onze, o resgate chegou. Paulo e Angelo ajudaram o bandido colocando-o no carro.

- Estou deixando dois sacos lá no quarto e amanhã venho pegá-los por volta das cinco da tarde. Obrigado por tudo.

Angelo e Magali foram para casa.

Paulo e Juliana tentaram dormir. Não conseguiram.

Com uma pontualidade britânica, a campainha tocou às cinco horas. O casal, que não foi trabalhar, foi até a porta e tomou um grande susto. Junto com o bandido que ajudaram na noite passada, estavam mais três - os mesmo que saíram de sua casa algemados.

- O que vocês três fazem aqui? - indagou Paulo.

- Vocês sabem o que têm dentro dos sacos?

- Não fazemos idéia.

Ao verificar os sacos, o casal levou mais um susto - não o último do dia. Um estava cheio de munição de revólver e dois celulares. A outra bolsa estava cheia de notas de cinqüenta reais.

- Nessa bolsa tem cinco mil reais. Como vocês acham que os três estão aqui e eu não fui preso ontem?

Paulo agora entendia tudo. Os policiais demoraram a sair da casa, pois estavam negociando com o líder do bando. Ainda por cima, enganaram a todos fazendo aquela cena. Paulo sentia-se humilhado. Tinha ânsia de vômito.

- Já sabemos quem nos entregou. Vamos cumprir nossa parte do acordo, pagando aos policiais o combinado. Estaremos sempre pela área. Caso precisem de algo, basta nos chamar.

Paulo vomitou.

O casal com medo da violência na cidade e sem saber em quem acreditar, procura uma casa no interior.

Inutilia truncat(1)

(1) Acabe com as inutilidades.

Obs.: Esse texto é baseado em fatos reais.


Nota do Editor: Vitor Orlando Gagliardo é jornalista.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.