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SEÇÃO
Crônicas
24/11/2007 - 13h05
De tudo se pode falar
Luís Sérgio Lico
 

De tudo se pode falar, a morte do autor permitiu que tudo se dissesse. Pois, tudo se entrecruza nas redes, fios e teias dos solos epistemológicos e culturais. De tanto falar a voz não ficou rouca, mas a mensagem deixou cair o referente e, perdeu o sentido para sempre. Há tanto o que silenciar, quando estamos sedentos... Já elidimos as velhas ordens e as mudanças vieram rápido demais para nossa frágil constituição. No self, no sense: Mas eu sou o sol!

Estamos todos indo embora, hoje. Escorremos por entre as interpretações daquilo que dissemos e, por outro lado, continuamos areia, espuma e rostos desvanecentes ao vento. Daquilo que dobra a esquina de nosso pensamento, somente se pode imaginar. Está-se, contudo, num absoluto: disto que me aparece eu não devo duvidar. Poderes, nós os temos todos, de tudo se pode falar. Do que fizemos emergiu um horizonte de eventos, nos quais se debruçam com carinho os hermeneutas. As dobras espaço-temporais estão revolvendo a oscilação da freqüência de nossas vidas. Nossos sonhos estão no capítulo 10, mas ninguém sabe quem tem razão. Perdemos sempre. Mas, nós somos o sol.

Escondemos uma agenda atrás dos símbolos, elas são estas coisas intrincadas, de perto tão distantes. Pertencimentos e distanciamentos característicos dos oxímoros mais libidinosos. A porosidade de nossa materialidade é tão delimitada em suas esferas, quanto as pedras vulcânicas em suas células. Esta nossa sensação de uma transmutação estética, acabou por criar os quartos do pânico. Hoje, blindados contra as sombras, próximas a nós, preguiçosamente levamos esta natureza biônica a passear. Tiramos novas fotografias no calçadão onde dormem os presuntos, afinal não podemos ficar esperando o governo agir. Temos todas as desculpas para tanto. Ninguém vê: está anoitecendo.

As vilas ao poente estão com muita poeira no ar, mas no interior do estado são as cinzas que caem dos céus. Os campos pegam fogo nesta época de colheita farta das monoculturas. Um pensamento percorre os rodapés na hora da Ave Maria: esquecemos aquilo que mais precisávamos amar. Buscamos achar as lacunas de tantas competências exigidas e, por isso, envelhecemos sem glória. Nossa esfera de representações apenas reflete os mundos possíveis, aqueles de que já desistimos. As cadeiras onde estamos sentados, em frente a monitores de cristal são tão desconfortáveis quanto a sensação vazia da perda. Líquidos são nossos sentimentos, agora que os cães ladram em todas as casas. Finalmente é madrugada e, agora de tudo queremos falar. Apenas não sabemos o que dizer.


Nota do Editor: Luís Sérgio Lico é filósofo e conferencista. especialista em treinamentos, palestras & workshops de alto impacto motivacional. Professor, articulista e autor do livro "O Profissional Invisível". Contatos: E-mail: ola@consultivelabs.com.br.

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