Considerado pela comunidade médica uma doença gravíssima, o tabagismo atinge cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo, o que representa mais de 15 bilhões de cigarros consumidos diariamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dados atuais indicam que, anualmente, cinco milhões de pessoas perdem a vida por motivo de doenças relacionadas ao tabagismo. A estimativa não é nada positiva: provavelmente esse número dobre em 2020, causando 10 milhões de mortes por ano. Para Lise Bocchino, cardiologista da Diagnósticos da América / DASA, o cigarro chega a matar nos países em desenvolvimento mais do que a soma de outras causas evitáveis, como a cocaína, álcool, heroína, incêndio, suicídios e Aids. "O tabagismo é a causa de grandes prejuízos às pessoas e à sociedade, que sofrem vendo um familiar morrer lentamente", afirma Bocchino. Os sintomas mais comuns são enfisema pulmonar, também conhecido como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC, falta de ar, acidente vascular cerebral (derrame cerebral), escaras (feridas) pelo corpo, câncer de cordas vocais, infarto do miocárdio seguido de incapacidade ou morte. A cardiologista salienta também que o tabagismo é responsável pelo câncer de pulmão, câncer que mais mata pessoas no mundo. Para a especialista, o tabaco pode também ser considerado um prejuízo econômico. A partir do momento em que o fumante apresenta problemas graves, alguém tem que trabalhar por ele, pois se transformou em uma pessoa inválida. Já os sistemas de saúde terão que pagar as contas hospitalares e os medicamentos de uso contínuo das vítimas do tabagismo. Segundo a OMS, o prejuízo global anual até 2010 por conta da doença deve somar U$S 500 milhões. "Isso também acontece porque os fumantes tendem a faltar no trabalho cinco vezes mais do que os não-fumantes", completa. "Para se ter bons resultados nas ações contra o tabagismo, é necessário mudar a realidade dos fatos e investir pesado contra o vício. Os cigarros deveriam ter o preço elevado, o que dificultaria a aquisição. Ao mesmo tempo, as medicações disponíveis para o tratamento de interrupção do tabagismo deveriam ser mais baratas e as propagandas completamente proibidas. Apenas dessa forma conseguiremos resultados concretos para as doenças que ele acarreta e à sociedade como um todo", conclui a médica.
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