"I don’t know if God exists, but it would be better for His reputation if He didn’t." (Jules Renard) Einstein qualificava o nacionalismo como a "doença infantil da humanidade". Quando vejo as reações de muitos brasileiros a esta nova "descoberta" do poço gigante Tupi, lembro desse alerta. Até a respeitada revista The Economist fez uma brincadeira com o ditado popular "Deus é brasileiro", alegando que, além de toda a beleza e recursos naturais aqui presentes, o Brasil ainda tem muito petróleo. Mas será que isso é realmente algo fantástico, a ser comemorado por todos os brasileiros? Os seis maiores exportadores de petróleo do mundo, segundo a CIA World Fact Book, são: Arábia Saudita, Rússia, Noruega, Irã, Emirados Árabes e Venezuela. Por outro lado, os seis maiores importadores de petróleo do mundo são: Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, Coréia do Sul e Holanda. Em qual dos dois grupos o leitor preferiria estar? Na verdade, a existência de vastos recursos naturais, especialmente o petróleo, pode até mesmo prejudicar o progresso de uma nação, caso não existam instituições adequadas e educação. Pode-se até falar em "maldição do ouro negro", pela caótica situação em que muitos países produtores de petróleo se encontram. A enxurrada de petrodólares incentiva a corrupção e a concentração de poder político. Além disso, existe o risco da "doença holandesa", quando a exportação de uma única commodity em grande escala pode pressionar a valorização do câmbio, afetando negativamente o restante das indústrias do país. A riqueza de um povo não é fruto de seus recursos naturais, mas sim de sua conduta, do capital humano. Se isso já era verdade antes, imagine na era da informação, onde a Google vale quase US$ 200 bilhões! A renda per capita média dos seis maiores exportadores de petróleo está na faixa dos US$ 23 mil, contando ainda com a presença da Noruega, país com pequena população e bastante educada, e dos Emirados Árabes, com população também minúscula e razoável abertura econômica. A renda per capita dos seis maiores importadores de petróleo, por outro lado, está na casa dos US$ 29 mil, mesmo abrigando a China, país pobre pela terrível herança comunista. Mesmo assim, temos que a renda per capita dos importadores é 25% maior que a dos exportadores. Se retirarmos a Noruega e os Emirados Árabes do primeiro grupo, e a China do segundo, temos uma diferença de mais de 300%! Em outras palavras, a renda per capita média dos principais importadores de petróleo é três vezes maior que a renda média dos principais exportadores, com algumas exceções. E não resta dúvida que o Brasil, por todas as suas características, parece mais uma Venezuela do que uma Noruega! Com esses dados em mente, podemos perguntar: Deus é mesmo brasileiro? Assumindo que Deus existe, teríamos que atribuir a Ele toda a beleza e recursos naturais do país, mas sem deixar de lado os 50 mil homicídios por ano, a miséria, a corrupção, Brasília etc. E não podemos esquecer de Lula, é claro! Se Deus é brasileiro, por que o presidente do Brasil é o Lula? Como diz a frase da epígrafe, não sei se Deus existe, muito menos se é brasileiro, mas com certeza seria muito bom para Sua reputação que ele não fosse brasileiro! Eu é que não gostaria de ser o responsável por um país como esse... Em resumo, a riqueza de uma nação não depende de seus recursos naturais, e vários exemplos comprovam isso. Cingapura e Hong Kong são lugares ricos, sem um único recurso natural. O Japão é um país rico, tendo que importar todo o seu petróleo. Por outro lado, Venezuela, Nigéria, Rússia e Irã são países repletos do ouro negro, mas pobres. A Petrobras já é um antro de corrupção, usada como veículo político pelo PT. Financia empresários corruptos, artistas engajados na defesa do socialismo, e até mesmo o MST, através de propaganda em sua revista. Enquanto a Petrobras for estatal, não vejo motivo para comemorar mais reservas em seu poder. Isso significa mais poder para o PT de Lula. O brasileiro, enquanto repete com orgulho "o petróleo é nosso", paga uma das gasolinas mais caras do mundo. E por conta de um ufanismo boboca, aplaude o anúncio do poço Tupi feito de forma espalhafatosa pela ministra Dilma, ao lado do presidente Lula. Schopenhauer dizia: "A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta". O Brasil ainda é dominado por uma mentalidade extremamente coletivista e nacionalista. A nação passa a ser um ente concreto, com interesses próprios, um fim em si, transformando os "cidadãos" em meios sacrificáveis. Os súditos de Brasília seguem cada vez mais no caminho da servidão, mas vibram com o pão e circo oferecido pelo governo paternalista. Voltando a Einstein, o físico dizia também que tanto o universo como a estupidez humana eram infinitos, mas ele não estava certo quanto ao universo. E olha que ele nem era brasileiro, diferente de Deus... Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfólio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.
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