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Crônicas
02/12/2007 - 10h20
É a vida um jogo?
Marcos Alves
 

Muita gente passa boa parte da vida apostando; seja nas cartas ou em bingos (agora não mais, ao menos por enquanto), loterias, bicho, vídeo-pôquer, enfim, a jogatina que pintar. São compulsivos, não podem parar.

Geralmente são adultos de meia-idade, afinal é preciso tempo para se tornar um viciado. Mas é na adolescência que esse traço de personalidade começa a aparecer. Assim como é nessa fase que nos permitimos abrir a consciência para novas experiências. Estamos incautos e vulneráveis, ainda que façamos tudo para mostrar o contrário.

O entretenimento ganhou ares de indústria nesses tempos em que a revolução digital se tornou uma arma poderosa; traz e ainda vai trazer muitos instrumentos e transformações na nossa maneira de enxergar o mundo, literalmente.

Podemos registrar qualquer besteira que acontece ao mero apertar de uma tecla - o celular é hoje objeto de uso pessoal quase tão indispensável quanto o papel higiênico. E cada vez mais gente quer participar ou realizar esse "reality show" diário; gravar, reproduzir ou mesmo simular a realidade.

Também há jogos eletrônicos (ou games) cada vez mais sofisticados, com uma infinidade de recursos e há os modismos; pessoas sugestionáveis, personalidades confusas e há também quem se aproveite disso tudo para satisfazer necessidades obscuras, obsessões diabólicas, fantasias inconfessáveis ou até mesmo pequenos luxos.

Há também quem fique tão deslumbrado com todos esses brinquedos para manusear que acaba fazendo merda. Todo esse preâmbulo é para demonstrar o espanto diante da nota em um jornal sobre um vietnamita de 13 anos que assassinou uma senhora de 81 para roubar dinheiro, ao que parece, para manter o vício em um vídeo-game.

Esse rapaz quase não se difere dos que, se puderem, passam o dia no bingo - porém ele é perigosamente incapaz de negar atender seus impulsos. Alguém provavelmente desprovido de sentimento de humanidade - o que fez dele um jovem assassino.

Parece um personagem de Dostoiévski, alguém que se acredita "extraordinário", superior, se acha inclusive no direito de provocar os piores sofrimentos em outras pessoas apenas e somente para satisfazer a própria vontade.

Há alguns anos, uma garota morreu em Ouro Preto - vítima do "entusiasmo" com que uma galerinha jogava RPG. Possivelmente havia um Raskolnikov no meio. Agora aparece um vampiro, outro maluco que aproveita a inocência e o interesse dos outros jogadores - todos jovens, para satisfazer um desejo bizarro.

A banalização da violência piora tudo, porque interfere na convivência - especialmente de crianças e adolescentes, que não economizam empurrões e carícias à vista de todos. A juventude é o tempo mesmo de experimentar praticamente tudo - inclusive o jogo. Mas é preciso prevenir-se da compulsão e ter noção do tamanho da aposta. Senão vira outra coisa.


Nota do Editor: Marcos Alves é jornalista.

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