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Opinião
06/12/2007 - 05h36
Aqui só se faz política
Percival Puggina - Parlata
 

A província foi, sempre, a menina dos olhos do partido. As idéias do companheiro Gramsci, plantadas com mãos jardineiras, davam frutos políticos nas cidades e nos campos, e a hegemonia se consolidava conforme planejado.

O começo, no entanto, foi muito, muito difícil. Cansativo, mesmo. Exigia dedicação exclusiva e intensa fazer política andando de ônibus, em cima de um Lada com pneus carecas, distribuir panfletos de dia e pichar muros à noite, vender distintivo e bandeirinha para arrumar dinheiro, fazer reunião para programar reunião para organizar reunião, imprimir propaganda em mimeógrafo, infiltrar-se nos seminários, nos jornais, nas escolas e nas universidades, conquistar os sindicatos, cativar um músico aqui, um escritor ali. Difícil.

Havia padres que cuidavam das paróquias e rezavam missa e padres que faziam política. Professores que davam aula e professores que faziam política. Jornalistas que relatavam fatos e jornalistas que faziam política. Juízes e promotores que operavam a justiça e outros que faziam política. Em quaisquer organizações da sociedade havia os que faziam as coisas acontecer e outros que só faziam política. Com tanta gente fazendo apenas política era inevitável que ela acabasse feita. De fato, ficou tão bem feita que o partido chegou ao poder. E aí, para espanto geral, deixou o governo de lado e continuou fazendo política.

Os companheiros trocaram os ônibus por aeronaves, abandonaram os Ladas e acorreram às concessionárias de veículos importados do maldito mundo capitalista. Substituíram os mimeógrafos pela policromia das máquinas rotativas e o papel reciclado pelo mais primoroso couché. O partido ganhou uma sede, regalaram-na a alguns amigos e compraram outra. Montaram uma estrutura capaz de cobrir toda a província com propaganda em apenas vinte e quatro horas. E dê-lhe política.

Alguns adversários, olhando aquilo, chegaram à conclusão de que a política consistia em fazer política e que o sucesso dependia de só fazer política. E aderiram à fórmula: que se dane a província, o governo, as necessidades das pessoas, o bem comum. O negócio é fazer política! A província ficou muito mal, a coitadinha, mas a política nunca esteve tão bem cuidadinha, seja lá o que isso signifique.

Observando o que acontece na província ocorre-me formular a máxima que registro a seguir para a ponderação dos leitores: na política da província se pode contrariar o interesse de todos, contanto que não se contrarie interesses das próprias políticas.

A política, aqui, já se fez com mais coragem, com mais lealdade e com mais espírito público.


Nota do Editor: Percival Puggina (www.puggina.org) é arquiteto e da Presidente Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Conferencista muito solicitado, profere dezenas de palestras por ano em todo o país sobre temas sociais, políticos e religiosos. Escreve semanalmente artigos de opinião para mais de uma centena de jornais do Rio Grande do Sul.

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