É verdade que detesto final de ano – a Mula Manca (MM) não fica exatamente radiante com essa obrigação de felicidade que acomete a humanidade quando entra dezembro, agravada por essas luzinhas cafonas que fazem a cidade inteira ter cara de bordel de estrada. Mas, noves fora a antipatia dessa quinquilharia made in China, todos esses objetos vagabundos que inundaram o planeta fazendo mundo inteiro ter cara de bordel barato, as coisas estão começando a entrar nos eixos.

Para começar, tem o problema das festas de fim de ano, um saco para um tipinho feito MM que nunca tem tempo ou dinheiro – sei que o normal é faltar um dos dois, mas vejam a que grau de capricho cheguei. Pois quem tem amigo tem tudo, já diz um velho e sábio ditado chinês, será? Pelo menos antigamente eles faziam coisas boas. Enfim, voltando à vaca fria, ou à mula manca, meus amigos todos estão ligando com sugestões e caronas já inclusas para viagens e coisas bacanas. Mesmo que fosse alugações eu já ficaria feliz só pelo carinho de lembrarem de mim. Ponto para esse ano de 2007.

Recebi dois telefonemas preciosos, tudo se encaixou, a um ponto que me lembrou uma velha fábula, essa brasileira, com certeza, da onça e do bode construindo uma casinha. Um vai de manhã faz uma parte, tipo ergue uma parede, o outro chega à noite e faz outra e cada um deles acha que conta com ajuda divina, no caso Tupã, até que o engano é desfeito quando se encontram na casa que nunca poderá ser partilhada. Pois eu já comecei a inundar meu coração de alegria e uma certa esperança inconfessa de que 2008 poderá ser bem melhor do que até então sonhava minha vã filosofia. A conferir.

Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro “Os florais perversos de Madame de Sade” (Editora Rocco).