Dois pesos e duas medidas
A mídia trata de forma diametralmente oposta os casos do padre Júlio Lancellotti, militante petista e gestor de uma ONG de ajuda aos menores carentes, e o de D. Cappio, bispo de Barra (BA). Enquanto padre Júlio, acusado de abusar sexualmente de quem deveria proteger, é tratado como vítima de extorsão, mesmo que não explique o motivo de aceitar ser extorquido durante tanto tempo, e nem esclareça a origem do dinheiro usado para pagar o silêncio do seu acusador, D. Cappio, ao fazer greve de fome contra a transposição do rio São Francisco, passou a ser achincalhado pela imprensa, inclusive com maldosas insinuações de insanidade mental e desvios sexuais. Estamos diante de um caso explícito de dois pesos e duas medidas. Que o padre Júlio receba o benefício da dúvida, é aceitável, mas condenar D. Cappio pelo método que escolheu para protestar, é deplorável. Afinal, que país democrático é esse, onde um cidadão não tem sequer o direito de escolher a sua forma de protesto?
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