Apropriando-me da célebre frase do rei da Espanha, dita em muito boa hora para o energúmeno do presidente da Venezuela, dirijo-a para o presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann que, desejando os seus dois minutos de fama junto à mídia, saiu por aí defendendo uma redução para três dias de trabalho semanal com expediente de quatro horas diárias.

Este senhor, que deveria estar trabalhando para justificar o seu salário, abre a boca para defender o ócio, sem conhecer, em primeiro lugar, uma realidade empresarial na qual o empreendedor, além da rotina estafante e insegura que um negócio gera, tem de absorver os altos impostos que provavelmente estão sendo consumidos por pessoas como este burocrata falante. Sua justificativa é que com a expectativa de vida aproximando-se dos cem anos, as pessoas deveriam começar a trabalhar somente após os 25 anos, ou seja, não fazer nada no momento mais criativo e potencial da vida para se dedicar, talvez, ao surf, sexo, drogas e rock and roll.

Como todo assalariado improdutivo, este senhor sai pregando tais pérolas criativas sem parar para pensar que a escravidão em nosso país foi banida em 1888 e que, a partir do primeiro governo do Getúlio Vargas, algumas regras trabalhistas foram adotadas. Esquece também que o ser humano moderno encara o trabalho como parte da sua vida, das suas realizações e uma grande fonte de prazer. As conquistas nas relações capital x trabalho foram grandes e ainda há muito para ser alcançado, desde que se tenha o conhecimento da realidade econômica - esta mesma que um presidente de um instituto voltado à Pesquisa Econômica Aplicada teria obrigação de conhecer.

Nota do Editor: Sylvia Romano (www.sylviaromano.com.br) é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo.