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Crônicas
26/12/2007 - 16h02
Lula e o Dia do Saio
Hélio Rubens B. R. Costa
 

Já tem data marcada: 1º de janeiro de 2011.

Répondez s’il vous plaît.

- Quem disse? - alguém sussurra perto de mim.

E dispara:

O Governo (leia-se, Partido dos Trabalhadores) não tem candidato. Ao contrário, a oposição possui nomes ao monte. O PSDB possui vários. Tantos, que chega até a ser problema. Limitemos a três: José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, cavalo paraguaio que corre por fora. Qualquer um deles ganha dos nomes que o PT possui hoje em dia, tanto mais porque - ao que tudo indica - recusa-se a "apenas" ficar com a Vice-presidência de Ciro Gomes.

Companheiro que é companheiro não larga o osso.

Embora se saiba que a dupla Dirceu-Genoíno continua forte no maior estilo low profile, seus nomes não seriam viáveis para uma candidatura. Marta e Eduardo, que têm o mesmo sobrenome - mas que não têm nem de longe os mesmos perfis - não sustentariam disputa desta natureza. A mão-de-ferro brasileira também não empolgaria as urnas. Não sobrou alguém? Lulalá de novo...

Partindo-se dos números da última eleição, parece ser imbatível: 58.295.042 de votos, representando 60,83% de votos válidos no segundo turno (no primeiro, quase levou: foram 46.662.365 de votos, equivalentes a 48,61% dos votos válidos). Até mesmo se Aécio debandasse, como se fala por aí, e concorresse pelo PMDB. Nesta hipótese, mais tirariam votos um do outro, ele e Serra, que algum dos dois de Lula. Seja como for, não seriam fortes o suficiente para enfrentar sua Excelência num segundo turno. Que que é isso companheiro, quem disse que santo de casa não faz milagre?

Faz sim. Ganhar a terceira eleição seguida seria para Lula o mesmo que é para Chávez impor sua presença perpétua na presidência da Venezuela. Lula tem dito que os referendos que Chávez promove legitimam sua permanência no cargo. Tem dito mais: que na Europa é comum o exercício prolongado de cargos e mandatos. Para bom entendedor, pingo é letra.

- Mas, espere aí - interrompo: um é pouco, dois é bom, três é inconstitucional!

E me chega a convincente explicação.

Claro que hoje é inconstitucional. Isto hoje. E amanhã?

- Você está insinuando o que? Um golpe de estado? - pergunto, assustado.

Claro que não. Você parece bobo. Golpe de Estado para quê? Nada disso. Tudo legítimo. Plebiscito. Eis o nome. Convoca-se um. Nada mais demoníaco, ou melhor [...]crático. A população decide: "sim ou não". O mandato passaria de quatro para cinco anos. Aí as portas estariam abertas: seria a primeira vez que o presidente concorreria àquele regime... os outros, teriam sido de quatro, com possibilidade de reeleição. Mudou o regime. Ou, sei lá, o plebiscito trata diretamente do tema (terceiro) mandato ou mesmo da segunda reeleição.

- To vendo: ditadura.

Não. Não foi isso que eu disse. Mudou o regime do mandato presidencial. Quem era impedido de concorrer novamente naquele outro regime não o será neste. É fácil defender isto juridicamente. Já sei até quem poderá fazer o parecer. Mas isto eu não falo.

Por que você acha que ainda agora fizeram um plebiscito? Você realmente acha que foi só para atender aos interesses das fábricas de armas de fogo e munição e a indústria bélica periférica? - claro que não: era preciso que ele desse o ar da graça. Nem vou falar da pegadinha da pergunta. Até agora ninguém sabe se votou contra ou a favor - nem de que, muito menos de quem... Tenho uma frase que ilustra bem a questão da redação daquele plebiscito: "Menos com menos dá mais. Mais com menos dá menos. Menos com mais dá menos. Mais com mais dá mais - enfim, é mais ou menos isto".

- Conversa de louco - intervenho.

Louco é quem não conversa sobre isto. Tudo tão às claras. Quero dizer, nem tudo: há muita coisa subliminar. A campanha do Banco do Brasil de defesa ambiental... Faça 3 coisas pelo meio-ambiente. Taí, olha o número três em evidência. E assim começa. Cria-se uma identidade visual em torno dele. O PT discutindo "internamente" sobre o terceiro mandato e lavando um pito "público" do Presidente. E ele negando, a torto e a direito, o terceiro mandato. E gente escrevendo sobre o terceiro mandato. Nossa, eu mesmo...

- Você acha realmente viável isto? - não acredito (não em você, mas que seja mesmo viável).

Entendo sua colocação. Não entendo tanto assim de política, ou melhor, não entendo nada de política. Mas onde há fumaça - aprendi - há fogo. Estes debates sobre CPMF, os favorecimentos de interesses, cargo aqui, cargo ali, Presidência do Senado... É muita laranja para o meu caminhãozinho. Tudo leva a crer que haja ajustes. Acertos. Já ouvi até dizer que na cúpula são todos iguais... E as discussões no âmbito da reforma Política?

- O que?

Tem um monte. Uma delas, para você ter idéia, pretende padronizar os pleitos. Tudo de uma vez só. Eu concordo inteiramente com a premissa: de fato eleição ano sim, ano não é ruim. Gastos dobrados, expectativas continuamente criadas, compasso de espera. Os argumentos são bons. E como se sabe, os fins justificam os meios... Olha aí: arrumaram um pretexto e já por aí conseguem um prazim, como se diz lá no interior, de onde eu venho, no mandato do presidente.

Vem cá, você parece meio bravo comigo. Falei de mais. Sua vez.

- Fui convicto: no ensejo da discussão sobre a possibilidade de um terceiro mandato, Lula, que tanto gosta de se comparar aos líderes e políticos da nossa história - Getúlio, JK etc. - e que sempre faz o inverso do que eles fizeram, deveria imitar Pedro: se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que saio!

E tenho dito.


Nota do Editor: Hélio Rubens B. R. Costa é advogado, sócio de Lodovico e Costa - Advogados Associados. Mestrando em Direito Processual Civil pela PUC/SP. Também exerce as funções de Diretor Adjunto Administrativo e de Presidente da Comissão de Direito Processual Civil do Instituto de Advogados de São Paulo - IASP (hrubens@lodovicoecosta.com.br).

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