Vacina não é só para crianças. Adolescentes, jovens e adultos também têm de se proteger contra doenças
Perder os quilinhos extras, malhar na academia, só comer alimentos saudáveis. Quem nunca fez uma dessas resoluções de Ano Novo? Para aqueles que desejam cuidar do corpo em 2008, a prevenção é a palavra chave. Além de ficar em forma, quem quer preservar a saúde deve pensar em colocar em dia a carteira de vacinação. Mesmo porque vacina não é coisa de criança. Também os adolescentes, jovens e adultos precisam se proteger contra doenças contagiosas evitadas pelas vacinas. Para o médico Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a partir da adolescência as pessoas apresentam resistência em se vacinar por desinformação, crença na perenidade da própria saúde e até mesmo medo de tomar injeção. Na análise deste especialista, se os leigos são reticentes quanto a este tipo de prevenção, os profissionais de saúde também não se preocupam em abordar a vacinação pós-infância. "Por que o médico, quando os pais levam a criança para vacinar, não aproveitam para falar sobre a importância da vacinação dos adultos? Seria uma ótima ocasião para tocar no assunto. Afinal, a prevenção não é só para as crianças. E a informação é a melhor arma na promoção da saúde de uma população", observa. O infectologista José Geraldo Ribeiro, professor de Medicina Preventiva da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, explica que há várias razões para quem já passou da infância se vacinar. Não há meios, por exemplo, de fugir das doses de reforço contra difteria e tétano, cujas vacinas oferecem proteção por até 10 anos. A vacina da gripe tem de ser tomada anualmente, porque o vírus transmissor é mutante, o que obriga a mudança anual da formulação de acordo com o subtipo do vírus circulante em cada hemisfério terrestre. Muitos adultos também têm lacunas em suas carteiras de vacinação, porque quando eram crianças não havia um rol tão completo de imunizantes quanto hoje. Além desses motivos há doenças, como a varicela e a hepatite A, que se manifestam de forma mais grave após a infância, o que torna a vacinação aconselhável. Pesquisa do Ministério da Saúde revela que adolescentes das capitais das regiões Norte e Centro-Oeste são suscetíveis a hepatite A. Entre as pessoas de melhores condições econômicas, a proporção é ainda maior, como revelam estudos realizados em Curitiba e Porto Alegre. "Como a hepatite A continua em circulação no nosso meio e pode ser transmitida por pessoas assintomáticas, especialmente crianças, é fundamental esclarecer a população sobre os riscos da doença e os benefícios de vacinação para os maiores de um ano de idade", afirma Lucia Bricks, gerente-médica da Sanofi Pasteur, divisão de vacinas do grupo francês Sanofi-Aventis. O risco de exposição ao vírus da hepatite A também é grande para quem se alimenta fora de casa. "Mesmo quando nos hospedamos em hotéis de luxo, nem sempre é possível garantir as condições de higiene no preparo de alimentos", alerta a médica. Quem viaja também precisa tomar vacinas para evitar doenças transmissíveis. O sarampo, tido como controlado no Brasil, continua presente em vários países do mundo, como Japão, Inglaterra e Alemanha. Quando viajam para as áreas endêmicas, as pessoas precisam tomar a vacina contra a febre amarela, no mínimo, dez dias antes da viagem. Surtos de doenças também podem atingir adolescentes, jovens e adultos. Em 2007, houve um aumento dos casos de caxumba e rubéola em adultos do sexo masculino. A rubéola, por exemplo, está atingindo mais os homens, porque as últimas campanhas de vacinação foram dirigidas a crianças e mulheres em idade fértil. Antes de tomar qualquer uma dessas vacinas, a pessoa deve procurar o serviço de saúde ou o seu médico para fazer uma avaliação do seu histórico de vacinas. A partir desta análise, o profissional de saúde vai indicar quais são as vacinas ideais para o paciente. Rol de vacinas Com exceção das vacinas contra varicela, hepatite A, HPV e reforço para coqueluche, as vacinas pós-infância podem ser encontradas na rede pública do País, embora nem todas estejam disponíveis para todas as faixas etárias. A vacina contra a gripe é dada gratuitamente a maiores de 60 anos e pessoas pertencentes a grupos de risco. O serviço público disponibiliza a vacina contra hepatite B para pessoas até 19 anos e a tríplice viral (contra caxumba, sarampo e rubéola) para mulheres até 49 anos e homens até 39 anos. Confira agora o rol de vacinas para adolescentes, jovens e adultos. Exceto as vacinas contra febre amarela, difteria e tétano, as demais são oferecidas pela Sanofi Pasteur, divisão de vacinas do grupo francês Sanofi-Aventis, e indicadas para quem já não é mais criança, mas se preocupa em se manter saudável: · Sarampo, caxumba e rubéola - Muitas pessoas chegaram à fase adulta sem terem sido imunizadas porque, há 20 anos, não existiam vacinas contra essas doenças. Por isso se recomenda a vacinação de jovens e adultos. Difteria-tétano - Os adultos e os idosos devem ficar atentos se já receberam o esquema completo das vacinas e se estão em dia com a dose de reforço dupla Adulto (dT), tomada a cada 10 anos. · Febre-amarela - Indicada para moradores ou viajantes para os estados brasileiros do Acre, Amapá, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia, Amazonas, Goiás, Pará e Distrito Federal. A vacina está disponível nos postos de saúde. Para quem for viajar é preciso tomar a vacina 10 dias antes da chegada ao destino. O reforço é feito a cada 10 anos. · Varicela (catapora) - A vacina pode ser administrada a partir de 12 meses de idade. É recomendada a pessoas que nunca contraíram a doença, especialmente mulheres que desejam ser mães, porque a varicela pode trazer riscos à saúde da gestante e do bebê. Gripe (influenza) - Transmitida pelo vírus influenza, a gripe ataca de 10 a 20% da população mundial todos os anos. A vacina deve ser tomada anualmente, porque sua formulação é feita a partir das cepas emergentes, que variam todos os anos. De preferência, a vacina deve ser tomada no outono, antes da época de maior circulação do vírus. · Hepatite A - É uma infecção viral que leva a um acometimento do fígado. A transmissão ocorre via alimentos e água contaminada por fezes da pessoa infectada. Quanto maior a idade em que essa doença é adquirida, maior é a gravidade do quadro. · Hepatite B - Considerada a mais perigosa das hepatites virais, pode ser transmitida por contatos sexuais, objetos cortantes - como alicates de unha, lâminas usadas por barbeiros, tatuagens, piercings - e até o uso compartilhado de escovas de dente.
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