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Opinião
01/01/2008 - 18h27
Dança: O que cria? O que estabelece?
Brigitte Luiza Guminiak - Cultura e Mercado
 

Num mundo eminentemente materialista, a valorização do corpo, está se tornando a única dimensão humana ainda a ser explorada, já que a conscientização do corpo permite estabelecer o que se quer fazer com ele, numa percepção cada vez mais individualizada e otimizada da própria imagem no mundo moderno.

Se antes o corpo era considerado um problema, já que era necessário controlá-lo, impondo limites à expressividade corporal, por ser considerado inferior à alma e liberá-lo significava aderir à lascívia e à luxúria, na contemporaneidade, a visão e o entendimento do próprio corpo vem tomando uma dimensão cada vez mais cativa, já que expressa autoconhecimento, além de ser uma forma de se relacionar com o mundo.

Assim considerando, a dança, ou o "estado de dança" em que se encontra um dançarino, pode ser conceituado como um estado de felicidade, ao qual o corpo se abandona. É um largar-se à vida em espontaneidade, em graça e harmonia para com a imagem dele mesmo. É uma poética corporal, o "eu lírico" que se expressa em forma de gestos, movimentos rítmicos com ou sem a música.

Os movimentos harmoniosos da dança criam sensações de liberdade, emoção que enleia e libera os sentidos antes controlados e reprimidos.

Embora sendo gestos reais, apresentados com técnica e destreza, a dança é imaginária, virtual, já que não é o corpo real que gesticula, mas a personagem criada pela dança, com emoções, expressividade, intenções próprias da personagem, formulando um mundo ilusório, outra realidade vivida pelo corpo que dança.

Para Weil e Tompakow (2007:259) é impossível tornarmos-nos conscientes das nossas posturas e querermos controlá-las, pois o conhecimento de nós mesmos faz com que queiramos nos libertar dos reflexos condicionados e nos apropriarmos de nós mesmos e isso a dança proporciona, já que cria uma linguagem silenciosa do corpo traduzindo a verdade nua e crua acerca dos sentimentos e emoções, estabelecendo uma relação de conhecimento do mundo em harmonia com o Ser.

Isso significa que o corpo que dança executa movimentos cinéticos que sensibilizam tanto quem os assiste como o próprio dançarino, já que utiliza uma linguagem simbólica que transcende a simples técnica, haja vista ser motivada pela imaginação do movimento expressivo despertando encanto, desejo e emoção.

A dança sobreviveu às imposições religiosas, que passou a ser encarada como uma manifestação do Mal e do pecado, dando uma conotação puramente sexual e demoníaca, muito embora fosse apresentada em festejos religiosos e apreciada em sarais aristocráticos.

A evolução cultural proporcionou à dança oportunidade de pensar o próprio corpo, seus limites, seus medos e a imagem que se tem e se faz desse corpo, transformando o movimento, o gesto em um pensar diferenciado do próprio ato de pensar.

E pensar o corpo em movimento e o seu significado tem que ser analisado no momento da realização da dança, já que o estado de dança se esgota nele mesmo, isto é, o momento da realização da dança não se repete, ela se finda no final do ato. A técnica pode ser repetida, mas a expressividade, a emoção, o encanto, dificilmente se repetirão numa segunda apresentação.

A efemeridade do movimento significativo revelado no estado de dança pode ser entendida como uma disposição humana a uma vida feliz, destituída de amarras e limites e como uma forma de conhecimento do mundo e do outro.

Essa nova postura frente ao pensar a dança oferece um exercício inovador, pois reivindica novos entendimentos estéticos, morais e até mesmo políticos, o que proporciona uma discussão acerca do movimento e das relações entre corpo e mente, corpo e mundo.

Referências bibliográficas

WEIL, Pierre e TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala- a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal. Petrópolis, 62ª ed. Vozes, 2007.

MEYER, Sandra. Dança e Filosofia?

AVELLAR, Marcello Castilho. O Corpo é a memória da dança.

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