10/09/2025  11h36
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
08/01/2008 - 17h06
Filé mal-passado
Adilson Luiz Gonçalves
 

Dizem que os fumantes são aproximadamente 30% da população, com viés de baixa. Novos adeptos ficarão por conta de jovens com problemas de auto-afirmação (excesso de hormônios e carência de neurônios), e filhos de fumantes, alguns dependentes desde o feto. No entanto, a fumaça dos cigarros continua "espaçosa".

Por isso eu evito ir a barzinhos abertos, onde fumantes costumam acender um cigarro após o outro.

Eu não entendia a razão dessa compulsão, até me explicarem que o álcool remove a nicotina do organismo e o cérebro, dependente, "pede" que ela seja reposta.

Bem, evito barzinhos, mas vou a restaurantes, e muitas cidades têm leis que proíbem o fumo em áreas públicas fechadas. Ocorre que alguns proprietários as burlam criando áreas de fumantes e não-fumantes. É o caso de um dos restaurantes que eu freqüentava.

Eu sempre pedia para ficar na área de não-fumantes o que, pela lei local, deveria ser a todo o ambiente, por ser fechado. Ao mencionar isso sempre recebi sorrisos amarelos, e às vezes precisei aguardar, pois não havia mesa disponível. Em compensação, era comum ver mesas livres na área de fumantes, bem maior, apesar de haverem poucos fumando: não mais do que os 30% estatísticos.

Isso já era uma incoerência, mas o absurdo maior estava na inexistência de separação física entre as áreas.

Certa vez, perguntei ao garçom como eles proibiam a fumaça de passar de um lado para o outro... Novo sorriso amarelo.

Eu já havia observado que o dono era fumante, algo inadequado para quem atua nesse ramo; mas gostávamos do "filé à Daniel" de lá. Assim, retornávamos, eventualmente, torcendo para não sermos incomodados durante a refeição.

Um dia, no entanto, notei que haviam mudado a decoração do restaurante: novos quadros haviam sido colocados nas paredes.

Observei-os e percebi que onde estávamos - e só ali - três ou quatro telas, em seqüência, mostravam mulheres fumando.

Resolvi brincar com o garçom: perguntei se ali não era área reservada para não-fumantes...

Novo sorriso amarelo, mas desta vez com "tons" diferentes: ele disse que eu não era o primeiro a questionar sobre isso; que já haviam comentado sobre esse arranjo com o proprietário, mas que o autor quisera colocá-las juntas, ali mesmo.

Pouco tempo depois veio a conta... Enquanto eu a verificava, o proprietário passou ao meu lado, com um cigarro acesso.

Desta feita, conclui que o "filé à Daniel" - ou qualquer outro prato dali - não valia nem o preço, nem o desrespeito à lei, nem o incômodo, nem a ironia deselegante que o acompanhavam. Desde então, descobrimos melhores, ao ponto, em lugares onde aromas e paladares podem ser apreciados sem desconfortos.

Mas leis e reclamações seriam desnecessárias se os fumantes, que param de fumar quando estão comendo, simplesmente respeitassem o direito dos 70%, inclusive crianças, que não fumam. É uma questão de civilidade, para não falar em higiene e saúde.

Será que não dá para ficar duas horas sem fumar em recintos públicos fechados ou, simplesmente, sair cinco minutos para fazê-lo?


Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves  é escritor, engenheiro e professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA). Cursa Mestrado em Educação (UNISANTOS). E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.