A cidade de São Paulo não possui, há muito tempo, a reputação de ser uma bela cidade. O escritor Marques Rebelo, em seu trágico e belo “Marafa”, dá seu testemunho, a partir da percepção de um personagem: “São Paulo era triste de fazer chorar. Só vendo. Muito trabalho, muita atividade, muito progresso, mas faltava-lhe a alegria, a liberdade, a graça de viver, que anda solta no ar do Rio.” Tudo bem: concordo que não temos as belezas naturais do Rio, mas – por Deus! – não desanimemos, temos o prefeito Kassab, coisa nossa, que neste Natal de 2007 deu sua aprovação a um projeto esdrúxulo de um artista plástico, seja lá o que isso queira dizer. Há artistas que acreditam ser o povão uma massa de zumbis, amorfa e que precisa ser acordada, instigada. E acreditam ser esse o seu papel, qual demiurgos. Bem, as obras são “instalações” (gostam desse termo) de pseudo-árvores de tipo natalino feitas de material reciclável: eufemismo de lixo. O ecologismo veio para ficar, parece. É big-business com suporte espiritual pagão. Nada mais moderno, diríamos. Mas seria demais reputar aos artistas a criação de tal estado de coisas. Raramente têm essa capacidade, embora sejam bastante sensíveis ao espírito do momento, seu ganha-pão. De posse virtual dos símbolos correntes da cultura, materializam outros novos. Nos dias de hoje, por negação ou paródia. Essa exposição de lixo é um insulto, embora com aparência conscienciosa. “Atiremos o lixo na cara deles, para que se conscientizem de sua condição precária. Radical! Visceral!” O uso de lixo para a celebração do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo é, além do mais, de uma fealdade espiritual ímpar. É a paródia da simbologia do Natal, para que nos acostumemos à simbologia da nova religião. Mais uma “pegadinha”. Irão dizer: “Ah, ainda os conservadores. Há algo, muito anterior à sua crença, que nos une a todos: a Natureza; é a ela que devemos nossa existência. Se não nos unirmos, naufragaremos”, qual um barco totalitário, em um mar de incertezas cósmicas. Pelo que sei, ainda não sou obrigado a rezar pela cartilha de São Algore. Mas, o que poderíamos esperar? O artista, o prefeito democrata e os órgãos dos governos em geral não fizeram nada além do seu melhor. Deixar mais feia e triste uma cidade já cansada e que, dia após dia, vai perdendo ainda mais o senso da beleza, sempre fugindo em busca dela. A esperança não é mais a de que Jesus se apiede de nós e que devotemos a Ele nosso amor incondicional. É a isso que prestam os símbolos do Natal. Reviver a mensagem. Agora, basta que você não utilize sacolinha de plástico e jogue o lixo no lixo. E – não se esqueça – apague as luzes quando não as estiver utilizando. Caso contrário, a danação será maligna! O ecologismo, como os totalitarismos em geral, se aproveitam dos símbolos mais preciosos de um povo e os dissolvem, sabotando a mensagem original. É preciso não confundir o símbolo com a mensagem que o evoca, sob o mesmo risco de aceitar Che Guevara como santo. E também não se acostumar a dizer a tudo “ah, que engraçadinho...”, ou “ah, não leve tudo tão a sério...”. Os cristãos brasileiros não exigem mais seu direito à existência e o respeito à sua fé. São desrespeitados e aviltados pelos ativistas gays, abortistas, ecologistas etc. Acostumem-se a ficar calados e se prostrar e, em breve, muito em breve, serão obrigados a se calar. Ou terão de rezar pelas cartilhas de São Algore, São Gorbachev... Exijam com todo o direito: Tirem suas patas de nossos símbolos!
|