Apontar os defeitos alheios e ocultar os próprios. Uma maneira estranha de agir, mas muito comum, é humano. Será que o outro é como um espelho onde nos enxergamos, mas não queremos aceitar o que é refletido? O outro é preguiçoso, não luta, não corre atrás. Eu não, o que é isso?! Estou apenas fatigado, cansado do dia-a-dia, sem tempo para sair da zona de conforto e enfrentar a crise que se apresenta. O outro é estranho, esquisito, exótico, louco. Eu não, sou apenas uma pessoa com diferencial, personalidade, autenticidade. O outro é invejoso, tem ciúme, é despeitado. Eu estou apenas passando por um momento difícil, é natural que me sinta incomodado com a felicidade de um amigo, de um ex, de um parente... não dizem que a grama do vizinho é sempre mais verde? É assim mesmo, já, já, supero isso, vai passar. Ele ou ela freqüenta o psiquiatra?! Vá de retro, não quero chegar nem perto desta gente problemática, o máximo que faço é terapia, assim mesmo alternativa, holística, que está na moda, em voga. Nada de Freud, Jung, esse pessoal que adora remexer o passado e escarafunchar sentimentos soterrados! Não fuça muito que encontra, heim?! Ah, sua filha é atriz, cineasta, escritora?! Ih, coisa de gente que não quer trabalhar de verdade, é só para ricos, no Brasil então, hobby... graças à grande força universal minha caçula é engenheira, a outra bioquímica industrial. Coisa de gente séria, focada, objetiva. Esse tipo de comportamento é o que considero hipocrisia, falta de personalidade, fraqueza, ausência de visão interna, excesso de, digamos, visão periférica. Não sou dona da verdade, nem tenho tal pretensão. É apenas um desabafo, uma perspectiva dentro de um assunto nem sempre abordado. É melhor ficar calado, tem gente que prefere assim. Crescer dói, amadurecer machuca de várias formas. Porém, faz parte do aprendizado de todos os que buscam evoluir a consciência benfazeja dos desacertos e descompassos que são componentes de todo e qualquer indivíduo. Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista.
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