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SEÇÃO
Crônicas
30/01/2008 - 13h26
Máscaras e fantasias
Adilson Luiz Gonçalves
 

Já se foi o tempo em que os foliões aguardavam ansiosamente os lançamentos fonográficos (coisa antiga, não?) carnavalescos: marchinhas, frevos...

A regra do reinado de Momo era brincar, mas os compositores e intérpretes levavam a sério esse compromisso. As serestas, sambas-canções e dores-de-cotovelo eram deixados temporariamente de lado, para abrir alas e caminhos para o "non sense" e crítica maliciosa, que nem as ditaduras conseguiam reprimir.

Foram tantas músicas inesquecíveis, cantadas pelos ídolos do rádio; trilhas sonoras das chanchadas da Atlântida, que davam pano pro Manga (o Carlos) dirigir os melhores comediantes daqueles tempos, e os romances entre as jovens promessas artísticas de então, muitos dos quais ainda hoje são estrelas.

O Carnaval tinha essa coisa de esquecer a tristeza, de se guardar pra quando ele chegasse, como um dia cantou Chico. E ele foi cantado e decantado por muitos: Vinícius, Tom, Caetano, Blecaute, Emilinha, Marlene, Chiquinha, Braguinha...

As máscaras escondiam os rostos, mas também a timidez e do rigor de maneiras de tempos em que ainda não se podia amar livremente. Tempos em que um olhar trocado e um sorriso contido eram os sinais ansiosamente procurados em incontáveis "voltas no salão". Mesmo um beijo pudico era motivo de escândalo, entre os antigos; causa de muitos suspiros, entre amigas; e desculpa para contar "vantagem", em rodas de amigos. Tirar a máscara, então: era como desnudar-se!

A tristeza da Quarta-Feira era pela volta ao cotidiano, que reinstituía os preconceitos e diferenças sociais; pela quase certeza de que os amores que incendiaram os corações naqueles dias, agora não seriam nada além de cinzas: amores de Carnaval, temas para novas músicas de Dolores Duran e Antonio Maria.

Eram tempos românticos, tão ingênuos que, dizem, a mesma máscara confundia os "Dom Juans" mais distraídos ou pra lá de Bagdá, lança-perfumados ou "altinhos". Mas tudo era uma grande brincadeira, cercada de conselhos e vigiada pelos olhos atentos de parentes: "Beijar engravida!"... Ao menos eles gostavam de acreditar nisso. Assim, nos salões brilhavam à luz dos grandes candelabros e holofotes, mas também sobravam "velas" por toda parte. Mas o brilho não era só nos salões, onde nem todas as pessoas eram sem graça, como Caetano frevou:

Na rua, as estrelas eram praticamente as mesmas, mas parecia que brilhavam mais, algumas mesmo durante o dia. "A Estrela D’Alva no céu desponta...".

É mesmo! Até a Estrela D’Alva tinha sobrenome: de Oliveira!

E foi na voz de Dalva de Oliveira - que já havia garantido seu lugar no céu de estrelas ao cantar "Ave Maria, no morro" - que ouvi e decorei, para nunca mais esquecer: "Máscara Negra", obra-prima de Zé Kéti e Pereira Mattos, em que o riso e a alegria dos "mais de mil palhaços no salão" contrastavam com a tristeza de Arlequim, numa das poucas vezes em que Pierrô se deu bem com a Colombina...

Eu também tive a minha máscara negra, que era de tristeza; mas que um amor de Ano-Novo se propôs a tirar. Amor que, logo em seguida, virou amor de Carnaval para, hoje, querer ser amor pra toda a vida! Amor cheio de fantasias, mas sem máscaras. Amor que, no céu, desponta; que deixa a mente tonta, mas não mente; que até versos me faz cantar. Amor que mesmo em meio a batalhas de confete sabe erguer uma bandeira branca.

É tempo de Carnaval! Que aqueles que buscam um amor sincero o encontrem! E que nunca haja uma Quarta-feira de Cinzas em seus corações!


Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro e professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA). Cursa Mestrado em Educação (UNISANTOS). E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.

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