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Opinião
31/01/2008 - 05h29
A arma mortal da palavra
Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
 

Afrodescendente é a mãe. E não se queixe: se a origem do ser humano é a África, de acordo com os mais recentes conhecimentos científicos, o caro leitor é afrodescendente, junto com este colunista, junto, respeitosamente, com a senhora sua mãe. E o mais loiro dos suecos albinos é também um afrodescentente.

É preciso tomar cuidado ao tucanar as palavras, o que ocorre com muita freqüência nos nossos meios de comunicação: isso, muitas vezes, revela o preconceito que existe mas gosta de se ocultar. Judeu, por exemplo, nem sempre é chamado de judeu: tenta-se o "de ascendência judaica" (ou, infelizmente com muito mais freqüência, "de descendência judaica"). E chamar alguém de "indivíduo com sobrepeso", referindo-se ao gordo, chega a ser ridículo. É como chamar preto de "moreninho", ou referir-se ao Fausto Silva como "forte".

Há, entretanto, palavras que só são usadas por sua carga de preconceito. Chamar alguém de "menor" traz à memória o noticiário policial. "Admitir" ou "confessar", em vez de "dizer", força uma carga negativa – e isso é comum quando o repórter está convencido de que alguém tem culpa, mas não quer se arriscar a ser desmentido nem a tomar um processo.

Há nomes que, por força de preconceitos muito antigos e profundos, tiveram de ser mudados. Mongolismo virou Síndrome de Down, leproso se transformou em hanseniano, caduco hoje tem Alzheimer. Isso é bom: retira das pessoas o carimbo negativo que aumenta o sofrimento já trazido pela doença. Há nomes que às vezes têm carimbo negativo, às vezes não. Chamar Pelé de Crioulo (ou até de O Crioulo, ou O Negão) definitivamente não significa racismo.

E como separar aquilo que é simples tucanagem da mudança necessária? É simples (e ao mesmo tempo muito difícil): basta usar o bom-senso. Basta, ao escrever, analisar o significado da frase para verificar se transmite ou não preconceito. Se transmitir, deve ser mudada. Se não transmitir, às favas a tucanagem.

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