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Opinião
02/02/2008 - 13h08
Policiais cariocas e o estopim da crise
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

As manifestações e o surpreendente afastamento a pedido de mais da metade dos oficiais superiores, trazem o “racha” à Polícia Militar carioca. Podem até levar a uma situação insustentável, com a apatia generalizada da tropa e a conseqüente quebra da cadeia de comando. Se os notáveis da corporação resolveram trocar o status e o conforto dos seus postos pela luta salarial, é porque a situação deve ser gravíssima. Pior que, se medidas urgentes não forem tomadas, em razão da similaridade, isso pode ser o estopim de um movimento reivindicatório nacional de conseqüências inimagináveis. As polícias estaduais (militares e civis) estão com salários defasados há anos, os governos mostram-se insensíveis e chegam a irritar profundamente distritos e quartéis, ao usarem sofismas e meias verdades em suas declarações para justificar a falta dos reajustes.

A greve-relâmpago de policiais já se tornou habitual em vários Estados e até contabiliza mortes no seu decorrer. Felizmente, o Rio ainda não amargou a paralisação total, mas convive com muitos problemas decorrentes dos baixos salários. Muitos casos que envolvem policiais em corrupção, além do promíscuo e famigerado “bico”, onde os integrantes das polícias de todo o país, com o sacrifício da própria saúde, vão trabalhar para não morrer de fome nem enveredar pelo crime.

Os acontecimentos cariocas não devem servir de ameaça, mas como alerta aos governadores dos outros Estados. Se a polícia, que já trabalha desmotivada, em ato de desespero, resolver cruzar os braços, teremos grave e imprevisível crise, onde toda a população sofrerá. Não haverá Força Nacional de Segurança capaz de resolver o problema. O Estado-empregador não pode deixar que isso aconteça, mas só conseguirá se abrir o diálogo franco e honesto com a classe, sem arrogância nem radicalização patronal.

Em São Paulo, onde temos a Polícia Militar mais legalista do país, corre a carta assinada por 260 coronéis da reserva – entre eles ex-comandantes gerais – que repudia a política salarial de abonos, a exclusão de inativos e pensionistas, e a propaganda oficial enganosa a respeito dos ganhos dos policiais militares. O descontentamento é geral, da base à cúpula. Espera-se que o governo não “pague para ver”, e abra o diálogo, atendendo as reivindicações que puder e sendo muito claro ao explicar à classe e à sociedade o que não for possível.

Os governadores, enquanto patrões transitórios, têm o dever de ofertar ao funcionário, no mínimo, um salário condizente com suas responsabilidades e que permita viver sem trabalhar no “bico”, que é proibido mas o Estado não tem moral para coibir. Policiais não podem continuar morando em favelas e sem recursos para prover suas famílias do básico, especialmente a alimentação, moradia, saúde e educação.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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