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Crônicas
03/02/2008 - 19h08
Baile de Carnaval
Eduardo Oliveira Freire
 

Era tempo de carnaval. O dia estava muito quente; muitos mascarados pela rua faziam algazarra. A menina ia à matinê perto da casa da avó; estava fantasiada de Chapeuzinho Vermelho e carregava uma cesta de doce para a avó e os primos.

Quando se sentou no ônibus, apareceu um homem mascarado de lobo. Tinha uma camisa estampada e uns cordões grossos de ouro pendurados no pescoço peludo. Tirou a máscara e se sentou ao lado da garota. Começou a falar carinhosamente com ela:
- Oi, vai pro baile?
- Desculpa, a minha mãe falou que não posso falar com estranhos.
- Você se parece com uma menina que conheci. Ela era... Deixa pra lá. Essa cesta tem doces de verdade?
- Tem, qué um?
- Não. Olha, não precisa ter medo de mim. É que me lembrei de uma pessoa, quando a vi.
- Toma um docinho. Tá gostoso.

A menina lhe deu um doce. "Ele é bonito e forte...", pensou. O homem gostou da guloseima. Antes de ir embora, disse para a menina:
- Tchau, menina, divirta-se bastante.
- O senhor também.

Ele ia encontrar-se com os amigos. Tentava se divertir, mas não conseguia esquecer a dor de ter perdido sua filhinha, naquele acidente...

Os amigos disseram que Laura os iria encontrar no baile. Estava ansioso por recomeçar com a mulher. Deram um tempo, depois da morte da filha.

Surgiu nele uma esperança: "Tenho que recomeçar". Começou a rir, vendo a menina fantasiada ir à casa da avó, para brincar com os primos na matinê. "Quando crescer, essa menina vai ser de parar o trânsito...".

Tinha que escrever um conto sobre o Carnaval, mas não tinha inspiração. Relembrou dos tempos de crianças. A cada ano, a mãe lhe fazia lhe fazia uma fantasia diferente: pirata, índio, bate-bola e mágico. No baile infantil e na escola, ficava correndo com os amigos pra lá e pra cá. Inventavam jogos e histórias.

Já adolescente, saía pelas matinês perto de casa e lá começou a ficar com as moças de sua idade. No início, não sabia beijar; babava sua companheira. Com o tempo, e outros carnavais, ficou mais experiente e aprendeu a seduzir uma mulher.

Adulto, saía com os amigos e beijava várias moças numa noite. Depois, ele passou o Carnaval com as namoradas e as protegia para que nenhum homem safado e bêbado tirasse alguma casquinha delas.

Anos seguintes, casou e saía com a mulher para levar os filhos aos bailes infantis, mas quando os filhos cresceram, ele e esposa ficavam até de madrugada a esperá-los. "Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais", pensava na música de Belchior e cantada por Elis Regina.

De repente, ficou contente. A inspiração de escrever um conto sobre o Carnaval veio. Ao terminar o texto, enviou, por e-mail, para a revista. Trabalho concluído. Poderia ir para a Sapucaí e realizar um sonho antigo de sua mulher.


Nota do Editor: Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor.

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