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SEÇÃO
Crônicas
12/02/2008 - 17h54
Vai Quem Quer
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

Com a lembrança de um conselho de vó Judith - "boa romaria faz quem em sua casa fica em paz" - acabei passando o carnaval em São Paulo. Devo confessar que, mais que o velho ditado da vovó, o grande responsável acabou sendo o auxílio de São Pedro, que fez chover em praticamente todo território nacional. Cada vez que eu arrumava um destino ou um programa legal o boletim do tempo me fazia mudar de idéia. Assim cozinhei a ressaca e o carná até a quarta-feira de cinzas. E foi uma delícia.

Não foi meu primeiro carnaval em São Paulo, passei trocentos, mas todos trabalhando, o que não conta muito, em minha modesta opinião não dá nem para considerar - trampo e folia nunca foram boa combinação. Devo dizer que, justiça seja feita, desses anos de cobertura guardo como responsável pela transformação do carnaval do ex-túmulo do samba em algo digno desse nome a gestão de Luiza Erundina. Foi ela que quando prefeita investiu a marca da cidade na folia. E parece que está dando certo.

Digo parece porque não passei nem perto do carnaval oficial. A preguiça de enfrentar o sambódromo - eu sou ainda do tempo em que as escolas encaravam a Avenida Tiradentes, na boa - me fez optar pela vizinhança. E, antes tarde do que nunca, descobri o Vai Quem Quer, o tradicional bloco de Pinheiros que concentra e sai da praça Benedito Calixto. O hino dele é assim: "Vai, vai, vai / Vai quem quer / Entra bicha, entra homem / Entra velho, entra mulher".

E o desfile é exatamente isso, capitaneado por um adorável bando de músicos todos já de vários carnavais, a maioria velhinhos, que vão tocando marchinhas pelas ruas do bairro. Na cola deles meninos se beijando, avós levando carrinhos de bebês com netos, pais com filhos na cacunda, casais até de heteros se pegando, um cheirinho denunciando um leve consumo de baseado na moita para não ofender as famílias, tem de tudo. Não presenciei nenhuma briga, nada de arruaças, é até uma coisa bem doméstica.

De quebra, o posto de primeiro-amigo-gay, vago desde que o ocupante da pasta se mandou para Londres, foi preenchido. Para não cansar ainda mais a paciência dos meus amados e escassos leitores, quero dedicar essa crônica a ele. Obrigada MP (não é medida provisória, não) pela folia e a alegria desses dias, pelo carinho e amizade demonstrados. Conte comigo nos próximos carnavais, isso não é nem promessa, é ameaça.


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro "Os florais perversos de Madame de Sade" (Editora Rocco).

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