De outro lado as más condições do trânsito e das estradas são um estímulo para a condução imprudente de veículos... Chega a ser enfadonho de tão repetitivo. Toda vez que temos um feriado prolongado, é a mesma história. A mídia, toda ela, berra aos quatro ventos, notícias sobre os mortos e feridos em acidentes pelas estradas do Brasil e aproveita a deixa para mostrar as péssimas condições das nossas rodovias. Vem o DENIT, um dos centenas, senão milhares de departamentos, criados para resolver novos e antigos problemas e repete a mesma lengalenga de sempre, com algumas variantes. Que dessa vez a coisa vai, com o governo liberando milhares de reais "com recursos do PAC" e o problema da rodovia noticiado estará resolvido. Que nada! No fim volta tudo a ficar como antes, até o próximo feriado prolongado. O Ministro da Justiça da última vez foi mais radical e oportunista. O negócio do governo é arrecadar mais e mais, então vamos aumentar o valor das multas de trânsito, por ele considerado irrisório e em boa medida responsável pela imprudência dos motoristas. O Ministro, pela sua própria posição, sabe que o problema das estradas do Brasil é muito mais complexo e que não vai ser resolvido com o simples aumento de penas e multas para os infratores, pois não transmite cultura e educação para o trânsito, sendo uma medida apenas paliativa, de longo prazo e periférica, pois não vai ao cerne da questão. De outro lado, o Ministro deve saber que, as más condições do trânsito e das estradas são um estímulo para a condução imprudente de veículos, recaindo sobre o próprio governo do qual participa, uma parcela de responsabilidade nos acidentes. É fácil transferir culpa a terceiros. O Ministério da Justiça precisa investir mais em prevenção e na elaboração de uma legislação mais adequada, deixando a repressão para uma segunda etapa. E o governo como um todo deveria elaborar um cronograma de readequação e recuperação das rodovias, pois os acidentes atingiram níveis alarmantes a ponto de tornarem-se questão de saúde pública, acarretando incalculáveis prejuízos ao SUS, à Previdência Social, às unidades de resgate e principalmente à sociedade que vê, irem-se seus entes em plena força produtiva. Dinheiro para isto, há. Note, o governo federal arrecada com a frota automotora, a CIDE, que está embutida no preço da gasolina, o pedágio, que mesmo sendo entregue às concessionárias em absurdos e mal explicados contratos de concessão, trazem alguma verba para os cofres do país e nem assim temos uma malha viária de primeiro mundo. Isto porquê esta dinheirama toda vai para os cofres do Tesouro, servindo para custear de tudo, desde a tapioca do ministro, a reforma da mesa de bilhar do segurança do filho do presidente e até e finalmente, sobrando, construção e reparo de rodovias. Quer dizer, faz-se uma matemática burra, desviando-se verbas destinadas a investimento em rodovias para aplicar em assistência médica, hospitalar e previdenciária, sobrando, desta forma, menos para as mordomias tão a gosto do Planalto. Quanto às vidas perdidas ninguém devolve e não há dinheiro que pague e fica por isso mesmo. Até o próximo feriado e vamos aguardar. Nota do Editor: Luiz Bosco Sardinha Machado é o responsável pela Coluna do Sardinha (colunadosardinha@gmail.com).
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