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SEÇÃO
Crônicas
19/02/2008 - 10h04
Questão de imagem
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

Não chega lá a ser grande novidade, mas continua sendo uma das grandes lições do "conhece-te a ti mesmo" ver a imensa diferença entre a auto-imagem e a imagem que os outros fazem da gente. É claro que somos sempre muito indulgentes conosco mesmo, por suposto. O normal - normal aí entenda-se por apenas costumeiro - é que nos tenhamos em mais alta conta do que o resto da humanidade nos tem. Mas há exceções.

Os naturalmente modestos estão de certa forma livres dessa praga. A modéstia, virtude muito exaltada em outros tempos, caiu em desgraça nos dias correntes. A maioria se acha, e o que é pior, se vende, se apregoa, muitas vezes a decibéis mais agudos que os suportáveis pelos ouvidos e juízo humanos. Qualquer dúvida pensem no festival de biscates e desocupados que se abrigam nos BBBs da vida e afins. Esses, ao contrário, vistos com olhos muito mais benevolentes que merecem, acabam conquistando uma legião de torcedores e fãs que os acham melhores que realmente são. E dá-lhe capa de Playboy e GMagazine para chegar, digamos, ao âmago da questão.

Mal-humorada, não? É que ontem zapeando, enquanto o celeiro de capas de publicações teoricamente para adultos estava no ar, vi um sempre bom episódio antigo de Sex and the City que retratava a questão. Era abordada por muitos lados, inclusive pela insuportável modéstia de Carrie, vivida pela Sarah Jessica Parker. Magra, loira e linda, tendo passado a vida, quer dizer, o seriado inteiro usando roupas de grife, sapatos Manolo Blatnik, U$ 600 o par, e acessórios sofisticados que às vezes não davam certo, a colunista fica espantada quando convidada para desfilar como pessoa real junto a modelos. Como a produtora do desfile, por sinal sua amiga, foi lembrar-se dela como modelo? Os amigos chegam à conclusão que é porque ela é mesmo maravilhosa.

Já Samantha Jones (Kim Caftrall) quer se retratar nua para lembrança na velhice. O olhar do outro, no caso o do assistente de fotografia do estúdio, quando ela tira o roupão e abre uma perna, já valeria muito mais que essa crônica sobre o assunto. E a amiguinha mais recatada tem medo da visão do próprio sexo que a atrevida adora exibir. Tem muito mais, uma questão gay, um fotógrafo velho e bom velho de guerra - não é o do estúdio - enfim, com o perdão do lugar comum, muitos olhares sobre o mesmo tema. Adoro sandálias havaianas, mas que seria bom de vez em quando os roteiristas brasileiros subirem num Manolo Blatnik para ver o mundo, isso lá seria.


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro "Os florais perversos de Madame de Sade" (Editora Rocco).

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