Eu o ouvi chegar. Bateu à minha porta. Eu abri e um sorriso logo apareceu. Estava vislumbrante como sempre. Demos um longo e agradável abraço. Eu o convidei para entrar e se sentar. Chamei toda minha família e nos assentamos à sua frente. Ele deu um longo suspiro. Olhou-nos dentro dos olhos. Brotou um sorriso. Ele se agrada em ver-nos sentados, ansiosos por mais um ensinamento. Ele fez um “xis” com as pernas e olhou pela janela. Não estava surpreso, ao contrário de nós. Havia mais gente querendo ouvir sua ministração. Como dono, ele mandou que entrassem. Nessas casas, a janela é próximo à porta, e assim tem como a pessoa de fora abrir sem problemas – e não há problema mesmo. Todos se ajeitaram como puderam. Não importava muito, porque queríamos – e precisávamos – apenas ouvir. Alguns se assentaram no colo de outros, na janela, ficaram em pé, acocorado, escorando na parede. Todos quietos, esperando ele falar. Mas ele não falou. Olhou-nos dentro dos nossos olhos. Suspirou e sorriu. Olhou-me individualmente. Meu coração parou. Eu gelei. Ele disse: - Você é meu filho querido. Eu não agüentei. Meu coração disparou. Ele repetiu essa frase a todos que estavam ali. Ensinou, ensinou, ensinou. Todos atentos. Olhos abertos. Totalmente acordados. Já era tarde. O sol estava indo embora. A saudade começou a nos tomar. Ele ainda estava ali. Mas já era quase noite. Ele nos olhou mais uma vez. Todos ficamos parados. Minha irmã suspirou e pensou alto: “Ele é apaixonante”. Absolutamente apaixonante. Seu perfume impregnou em todos nós. Saiu e lá de fora nos lembrou: - Vocês são meus filhos queridos, em quem me comprazo.
Nota do Editor: Mateus dos Santos Modesto é jornalista. Veja também em www.mateusmodesto.com.br.
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