“Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas.” - Nelson Rodrigues Como sabemos, o Império Romano foi destruído pela invasão dos bárbaros do norte da Europa. E a Europa brevemente será destruída pela invasão dos bárbaros muçulmanos. No primeiro caso, não foi só uma porém diversas invasões ao longo do tempo. No segundo, a invasão em curso se caracteriza por uma infiltração cada vez maior de imigrantes legais e clandestinos. Não me lembro que personagem da história disse, mas o que ele disse não perdeu, nem jamais perderá validade: "Entre os romanos, comporte-se como um romano, entre os gregos como um grego e entre os persas como um persa". Em outras palavras: é esperado de um estrangeiro que ele adote, na esfera pública, os costumes do país em que ele decidiu se estabelecer, tendo, contudo, assegurada a manutenção dos seus costumes na esfera privada - ao menos em países em que vige um Estado de direito democrático. Supondo que ele tenha uma religião diferente da seguida pelos cidadãos do país para o qual ele imigrou, ele goza do direito de cultuar seu deus, de se reunir em seus templos, de ensinar sua religião e sua língua em escolas próprias, desde que a língua do país em questão faça também parte do currículo escolar, de modo a evitar indesejáveis quistos. No Brasil pró-nazista, já tivemos isso - na década de 30 do século passado - em escolas em Santa Catarina em que só se ensinava alemão e tiveram que ser fechadas pelo governo. Na maior parte dos países ocidentais democráticos, é desnecessário ter leis especiais que lhe assegurem esses direitos civis, uma vez que os mesmos estão contidos em direitos já existentes e mais amplos: os que asseguram a todo e qualquer cidadão - natural, estrangeiro e/ou naturalizado - a liberdade de expressão, a liberdade de culto e a liberdade de associação. Há uma ressalva que não posso deixar de fazer: em países como o Brasil, a de expressão é empanada pela obrigatoriedade do voto e pelo pagamento de imposto sindical até pelo trabalhador não-sindicalizado. A de associação é empanada pela exigência de um sindicato único por categoria profissional. Criados na década de 30, esses verdadeiros atentados à liberdade democrática, ainda existem até hoje! Assim sendo, os muçulmanos - que experimentam severas restrições à sua liberdade em seus países - encontram nos países da Europa as três liberdades acima mencionadas. Seus países são regimes absolutistas monárquicos como eram os países da Europa até o século XVIII, com a ilustre exceção da Inglaterra - God Save The Queen! - que é uma monarquia constitucional desde 1689 (data da Bill of Rights) promulgada um ano após a Revolução Gloriosa (1688) e cem anos antes da desastrosa Revolução Francesa. Como sói ocorrer em toda monarquia absolutista, não há uma separação do Estado e da religião e, conseqüentemente, não há lugar para nenhum pluralismo, esteja em jogo o religioso representado pelas diversas religiões, esteja em jogo o político representado por partidos políticos com seus membros escolhidos pelo povo, de forma direta nos regimes presidencialistas e de forma indireta - mas não por isso menos democrática - nos parlamentaristas. Exceção é a Inglaterra em que o Estado é confessional - o rei é chefe da Igreja Anglicana - mas se ela não foi a primeira, foi uma das primeiras a gozar das liberdades de culto e de expressão. Isto já era reivindicado por John Milton em 1644 com a publicação de Areopagitica, um libelo a favor da liberdade de imprimir sem autorização nem censura. Terra é a Inglaterra! Ocorre que os muçulmanos querem impor sua religião e seus costumes patriarcais primevos aos diferentes países europeus que os acolheram e foram tolerantes com as diferenças, desde que estas não ultrapassassem os limites da esfera privada e invadissem a pública provocando, na melhor das hipóteses, generalizado mal-estar e, na pior, graves conflitos sociais. Mas tal limite diversas vezes foi desrespeitado. Um exemplo recente disso ocorreu na França: os pais de meninas e adolescentes muçulmanas obrigavam suas filhas a usar o shador (véu) não só nos seus lares, mas também nas ruas e nas escolas públicas. Ora, se queriam cobrir seus rostos, porque não se restringiam à esfera privada do lar e da mesquita? [Se é que mulheres, mesmo usando shador, podem entrar em mesquitas]. E se era sua determinação o uso do véu, porque razão não o usavam em escolas confessionais? O Estado laico, para não perder a coerência, tem de ser laico em todas as suas instituições, inclusive em escolas públicas. Justamente para garantir a pluralidade religiosa e política, o Estado não pode adotar esta ou aquela religião, mas sim aceitar todas, de acordo com o princípio de tolerância. A democracia representativa com seu constitutivo pluralismo ideológico-político e o espírito de tolerância com seu constitutivo pluralismo ideológico-religioso - incluindo as opções de um indivíduo não adotar religião nenhuma por ser ateu ou agnóstico - foram árduas conquistas da civilização greco-romana-hebraico-cristã e da contribuição de grandes pensadores como Locke, Montesquieu, Voltaire etc. Na época das Cruzadas, a civilização muçulmana e a civilização européia não apresentavam fortes diferenças de mentalidade. Mas, no século XVII, com a Revolução Gloriosa e a conseqüente democracia coroada (forma monárquica e regime parlamentarista), no século XVIII com a Revolução Francesa e a conseqüente laicização do Estado, dois caminhos se bifurcaram: o caminho da razão e da liberdade e o caminho do obscurantismo e da opressão. Se na Europa floresceu o espírito de insubmissão, no mundo islâmico permaneceu o de submissão. Aliás, Islã quer dizer "submissão": submissão do crente ao seu inexorável destino (Maktub! Estava escrito!), submissão de todos ao seu Ayatolah, Califa, Emir e/ou Sheik, submissão do filho ao pai, da mulher ao homem, usw. Liberdade é uma palavra inteiramente desconhecida no mundo patriarcal e patrimonialista islâmico! Porém o que mais me impressiona são mulheres ocidentais fiéis ao islamismo ou simpatizantes do mesmo, como se, no mundo islâmico, elas não fizessem parte dos móveis e utensílios, podendo ser chicoteadas por seus donos ad libitum como uma mula empacada! Mas o que é pior é que quando um ocidental de um país democrático se estabelece num país islâmico, geralmente ele costuma respeitar os costumes da terra e nem passa pela sua cabeça tentar impor os seus. Contudo, a recíproca não é verdadeira: quando um islamita se estabelece num país ocidental democrático, ele faz tudo que pode para impor seus horrendos costumes tribais, os mesmos de milênios atrás quando eles viviam em tendas, eram nômades, criavam ovelhas e vagavam pelo deserto. Pouca coisa mudou. Ora, se eles têm assim tanto desprezo por nossos costumes e instituições, se consideram que os homens ocidentais são grandes sacrílegos e as mulheres grandes marafonas, se acham nossa civilização depravada, por que estranha razão vêm para nosso mundo? Por que não ficam vivendo no seu? Há aí uma grande dose de hipocrisia semelhante ao daqueles esquerdistas e microcéfalos, que se estabelecem nos Estados Unidos, acabam adquirindo uma qualidade de vida que jamais teriam em seus países e, no entanto, vivem falando mal do país que os acolheu de braços abertos. Se é assim, por que não vão embora de volta para seus belos países?! Por que insistem em viver num país tão ruim? Se isso não é hipocrisia, só pode ser masoquismo. Hoje, na Europa, parte da culpa pelos conflitos entre europeus e muçulmanos - não necessariamente, mas geralmente árabes - deve ser atribuída a um excesso de tolerância, que confina com a irresponsabilidade, leis demasiadamente complacentes em relação à intolerância e ao fanatismo inerentes ao islamismo e o tal do multiculturalismo, uma mistura de insustentável relativismo cultural e pseudoecumenismo. Os ocidentais não perceberam ainda que os muçulmanos não desejam se integrar aos países europeus - ou mesmo quaisquer outros países não-muçulmanos - em que se estabelecem. O que eles desejam é formar quistos espalhados pela Europa e pelo mundo ocidental. Eles geram comunidades fechadas, hostis a tudo quanto é não-muçulmano e fortemente fanatizadas pelos fundamentalistas. É verdade que a maioria dos muçulmanos não comunga com o fanatismo e com a sanha destruidora dos shiitas. A maioria deles, da seita sunita, não está disposta a fazer atentados terroristas contra o Grande Satã, i.e. a Depravada Civilização Ocidental. Mas é omissa em relação a estas coisas e por vezes chega mesmo a acobertá-las. No Brasil, por exemplo, já está constituído um quisto muçulmano na região da Tríplice Fronteira sob as barbas complacentes de seus atuais (in)governantes. Dizem que até Osama Bin Laden andou por lá antes de sair de circulação, seja por ter ido para o hedonista Paraíso islâmico - em que todo homem recebe os serviços de umas 20 belas virgens de pele macia e seios arredondados - seja por uma questão de sumiço estratégico, até que Al Kaeda esteja preparada para mais um grande atentado terrorista na Europa, nos Estados Unidos e/ou em Israel - o único país democrático em todo Oriente Médio - que, se dependesse da vontade dos shiitas, já teria sido empurrado para o mar. Mas se ainda não foi efetivamente empurrado - malgrado todo o empenho (em árabe: "empenho" é Jihad) * de Al Kaeda, Al Fatah, Al Hamas et caterva - é porque esta é a vontade de Allah. E é escusado acrescentar que todo muçulmano, para ser um bom muçulmano, devia respeitar os desígnios divinos! * Algum tempo após o atentado às Torres Gêmeas, fui informado por um sheik muçulmano na TV que a palavra jihad, erroneamente traduzida por "guerra santa", quer na realidade dizer empenho. Deve se tratar de um tipo especial de empenho: o de converter ou matar os infiéis em nome de Allah.
Nota do Editor: Mario Guerreiro (xerxes39@gmail.com) é Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).
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