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Opinião
26/02/2008 - 16h25
Dejetos multiculturais
Dartagnan da Silva Zanela
 

"Dinheiro perdido, nada perdido; saúde perdida, muito perdido; caráter perdido, tudo perdido." - (Provérbio Chinês)

Todas as culturas são iguais. Todas elas têm o mesmo valor e importância para a humanidade. Eis aí uma bela mentira repetida à exaustão pelas mentes engessadas pelo linguajar politicamente correto que infecta a sociedade Ocidental. Ora, mas o que estamos propondo com estas mal fadadas linhas? Simplesmente uma sucinta reflexão sobre os equívocos e os males que são advindos do dito e escarrado multiculturalismo.

Toda expressão cultural, em si, tem o seu valor singular enquanto fruto da diversidade da experiência humanamente vivida através do tempo em um determinado ambiente, como uma resposta para os desafios que lhe são apresentados. Aliás, essa fabulosa diversidade, é um dos grandes tesouros de toda humanidade. Todavia, outra coisa bem distinta, é afirmar que todas as expressões culturais têm o mesmo valor para a humanidade em sua totalidade e que todas as culturas contribuíram de modo similar para a elevação da dignidade da pessoa humana.

Um exemplo bastante simples disso é a própria noção de ser humano enquanto uma categoria universal que, por sua deixa, não se encontra presente em todas as expressões culturais. Quando nos defrontamos com uma e outra cultura primeva, e mesmo a de muitas tribos que são nossas contemporâneas, percebemos claramente que estes se vêem como descendentes de uma divindade exclusiva que, por essa razão, lhes dá um status especial, enquanto pessoa, em detrimento de todos os outros indivíduos que não fazem parte desta coletividade.

Para melhor ilustrar essa consideração, lembramos aqui a passagem de uma obra de Carl Jung a qual, apenas mencionamos de memória, onde o referido autor indagava a um Obá sobre a prática do seqüestro ritual (nupcial) que havia em sua tribo, levantando a seguinte hipótese: se um membro de outra tribo seqüestrasse uma mulher de sua tribo, isso seria uma falta? O Obá respondeu afirmativamente. Porém, quando Jung indaga a este se um membro de sua tribo seqüestrasse uma mulher de uma outra tribo, este, por sua deixa, responde que não, visto que, para este, os membros de outras tribos estariam em um patamar inferior em relação a sua tribo, à sua humanidade.

De mais a mais, isso claramente é uma expressão de etnocentrismo que, por sua deixa, é característico de todas as culturas em um determinado momento de seu desenvolvimento. As sociedades, de um modo geral, vêem a si próprias como sendo o centro do mundo. Ora, raios! Você já parou para pensar em quantos umbigos do mundo existem neste planeta? Quantos centros cósmicos são apresentados mundo afora? Todavia, o único etnocentrismo que se aponta é o Ocidental que sofreu uma fortíssima crítica vinda, primeiramente, dos próprios Ocidentais, diga-se de passagem.

De mais a mais, responda-me com toda a franqueza: você crê que seja uma atitude sensata colocar no mesmo patamar de importância a Suma Teológica de São Tomás de Aquino e o Itãs Odu Medeia do Candomblé? Seria uma atitude lúcida colocarmos no mesmo patamar de importância a obra de um Johann Sebastian Bach e um Funk? Mas é isso o que o multiculturalismo faz, meus caros.

O cúmulo desta loucura foi-nos ofertado pelo deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) que levou até a Assembléia Legislativa de São Paulo um travesti para que os seus pares percebessem a relevância desta expressão cultural de um espetáculo daquele gênero. Tudo bem, meu caro, você é livre para fazer o que quiser com o seu corpo e gosta do que melhor lhe apetece, porém, permitir a entrada de um travesti seminu dentro de uma Egrégia Casa de Leis é simplesmente um absurdo. Aliás, teria sido um atentado ao pudor, se fosse um homem e uma mulher qualquer que tivessem entrado no referido recinto vestidos de Adão e Eva.

Ou seja, o que o multiculturalismo faz, de fato, não é colocar as expressões culturais em pé de igualdade, mas sim, inverter os valores universais. Por isso, devido a presença marcante do multiculturalismo e do linguajar politicamente correto, estamos, dia após dia, perdendo o senso das proporções e a noção elementar do que seja ridículo.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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