A imprensa brasileira capitulou às exigências das Forças Armadas Revolucionários da Colômbia (Farc) e continua designando como "guerrilheiros" os terroristas que seqüestram inocentes e fazem chantagem com vidas humanas. Os dramáticos relatos dos quatro parlamentares colombianos liberados pelas Farc na quarta-feira (27/2) sobre as condições de vida dos demais reféns na selva revelam barbaridades só comparáveis às cometidas pelos nazi-fascistas durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, nossos editores não se comovem nem se indignam e insistem em classificar aqueles que perpetram tais as barbaridades como "guerrilheiros". Conceitos enganosos A guerrilha não é moralmente condenável, não é crime, é uma forma de guerra não-convencional. Os maquis franceses eram guerrilheiros, assim também os partisans da Europa oriental e os partigiani italianos. Seus alvos eram as forças inimigas, não atacavam nem seqüestravam civis. As Farc há muito abandonaram a guerrilha, já não conseguem travar combates, fazem apenas terrorismo – e terrorismo, por definição, é o emprego sistemático da violência contra inocentes para fins políticos. A libertação dos reféns na quarta-feira não foi ato humanitário, mas chantagem. Jornalistas não podem oferecer os seus leitores conceitos enganosos. Jornalistas não deveriam seqüestrar o sentido das palavras.
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