Contos da Mula Manca
A Mônica Bergamo deu em primeira mão que a Naomi Campbell, aquela negona bonitona, modelo internacional, esteve no Sírio Libanês para tirar um cisto com o doutor José Aristodemo Pinotti. Ela tem 37 anos, idade em que as mulheres que não tiveram filhos costumam começar a pagar tributo à natureza. É por volta dessa época que aparecem os cistos, miomas e outras tranqueiras do chamado aparelho reprodutor, dando preferência às que andaram tão ocupadas que não tiveram tempo de usá-lo para tal fim, o que me parece o caso da top. Sem tempo ou com tempo, o que minhas fontes privilegiadas andaram me batendo é que o pessoal do Sírio andou contando os dias para ela se evadir do pedaço. Cuidaram muito bem, mesmo porque é essa a obrigação e orgulho dos caras, mas nesse caso com o firme propósito de que nada saísse errado para evitar recaída e conseqüente volta. A nega foi dada como a mala mais sem alça que apareceu nos últimos tempos e isso em um hospital onde se trata a nata da nata da nação, gente que muitas vezes também acha que tem mais direito que os outros mortais sobre o legado de Adão. Cirurgia é período de dor, desconforto, stress e quem é ruim da cabeça costuma piorar de vez. Mas, vamos e venhamos, maltratar enfermeiras e médicos não se justifica nem no PS do Mandaqui, onde os pobres são mais respeitosos com os profissionais que lhes aliviam os sofrimentos. Além do que essa é uma terra estrangeira, que costuma tratar muito bem quem é de fora. Já imaginaram a Campbell (legal isso, parece nome de sopa) escorraçada do aeroporto como a alfândega inglesa anda fazendo com os brasileiros? OK que a sopa não é sopa, é famosa pelo mau-humor e pela grosseria com que trata as pessoas, que o diga o Fabrício Rollo, da Vogue, que pagou o último mico famoso com ela. Caçar rolo – com e sem trocadilho, por favor – em hospital e ainda com umas gentes fofas feito as do Sírio, extrapola qualquer limite. Chega a justificar o que disse sobre ela o John Casablancas, ex-dono da agência Elite, culpado por ter descoberto a mala com 15 anos em Londres, quando era apenas mais uma pretinha bonitinha: "Naomi tem um lado realmente sórdido, isso por causa de seu temperamento, seu estilo de vida e sua história. Gosto bastante dela, mas não voltaria a trabalhar com Naomi nem por todo ouro do mundo". Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro “Os florais perversos de Madame de Sade” (Editora Rocco).
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