09/09/2025  18h05
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
03/03/2008 - 16h25
Lições do PAC Futebol
Fabio Arruda Mortara
 

A realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, confirmada pela Fifa, acrescenta um mínimo de US$ 9 bilhões, ou R$ 15,7 bilhões, ao portfólio de investimentos do País nos próximos anos. O valor refere-se basicamente à adaptação dos estádios e obras em seus entornos, significando, também, incentivo à construção e numerosos subsetores, como de materiais elétricos e hidráulicos, cimento, máquinas e ferramentas. São boas, igualmente, as perspectivas para a área da comunicação e toda a sua cadeia produtiva, incluindo a indústria gráfica.

Enfim, há uma série de investimentos a serem desencadeados em função da Copa, o maior evento esportivo do Planeta, que também deverá ser estímulo psicológico à onda favorável de empreendimentos que se delineia: segundo o Banco Central, o volume de investimentos estrangeiros que ingressou em 2007 somou US$ 34,62 bilhões. O valor é 85% maior do que os US$ 18,78 bilhões registrados em 2006. As empresas têm aportado recursos em ampliação de capacidade produtiva há 14 trimestres, e levantamento do BNDES constatou aumento de 20% nas intenções de investimento na economia nacional nos próximos cinco anos. Será muito importante que todas essas intenções se concretizem, além dos investimentos já em curso. A Copa poderá ser um estímulo a mais nesse sentido, aquecendo também o turismo, pois cerca de dois milhões de visitantes estrangeiros deverão visitar o Brasil para assistir aos jogos.

Estamos, portanto, diante de um "PAC Futebol", para utilizar expressão adotada pelo governo para definir todo projeto de estímulo econômico. No entanto, a efetivação da Copa do Mundo como fator de fomento econômico - assim como o sucesso desse grande empreendimento chamado Brasil - dependerá do equacionamento de alguns problemas estruturais. Dois deles ligados a questões mais amplas e complexas: a deficiência da infra-estrutura de transportes, incluindo a solução do "apagão" aéreo e a recuperação de rodovias e portos; a segurança pública; e as sempre adiadas reformas política, judiciária, previdenciária, trabalhista e tributária/fiscal.

Lançando um olhar mais abrangente sobre o "PAC Futebol", é importante refletir a respeito das oportunidades, às vezes raras, que a história oferece. A Copa do Mundo, razoável fator de motivação de investimentos, realizou-se aqui em 1950, com intervalo de 64 anos até 2014. Mais do que a dolorida derrota para o Uruguai na final, ante um Maracanã atônito, perdemos numerosas oportunidades de promover o crescimento sustentado, de prover atendimento médico-hospitalar e educação de qualidade à população, de impedir o avanço do crime, de conter a improbidade no setor público, de modernizar nossa legislação e de empreender fluxo duradouro de investimentos, capaz de nos garantir a devida competitividade no mundo contemporâneo.

E cá estamos nós, no momento em que a Fifa nos outorga a realização de outra Copa, sendo questionados pela imprensa mundial sobre nossa capacidade de oferecer transporte aéreo, segurança, energia elétrica e, o que é pior, de garantir a lisura das licitações das obras necessárias. Ora, é claro que a Copa do Mundo, apesar dos investimentos diretos e estímulos indiretos, não significa a redenção brasileira. Porém, os desafios que permeiam o "PAC Futebol" evidenciam que não podemos mais ser dependentes das circunstâncias, como o presente fluxo de investimentos advindo da conjuntura mundial favorável e das ainda incipientes lições de casa que realizamos nos últimos 14 anos, desde o advento do Plano Real.

É preciso solucionar os problemas tributários, fiscais, educacionais, burocráticos, cambiais, monetários, de saúde, segurança pública e exclusão social, para que ingressemos num processo consistente e duradouro de desenvolvimento. Como bem mostra o exemplo da Copa do Mundo, as oportunidades podem demorar mais de 60 anos para se repetirem. Em tempo: a economia internacional experimenta um dos maiores e mais duradouros fluxos de crescimento dos últimos 30 anos. Quanto isto irá ocorrer outra vez?


Nota do Editor: Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é presidente da Regional São Paulo da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.