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Crônicas
06/03/2008 - 17h13
Tapetes vermelhos
Adilson Luiz Gonçalves
 

Não cultivo ídolos, mitos ou gurus, sobretudo quando se trata de seres humanos!

A lógica que me levou a essa condição me parece bastante elementar: embora caiba a cada um de nós desenvolver nossos potenciais, tudo o que somos de bom é uma dádiva de Deus! Porque, então, colocar seres humanos em pedestais?

Quem se sobressaia positivamente em uma determinada área, igualmente positiva, merece respeito, mas nunca idolatria! Esse respeito, aliás, está na consciência de que pessoas têm virtudes, mas também têm defeitos, pois são feitas de carne e osso, como qualquer mortal. Assim, apreciar as qualidades de quem quer que seja não implica em omitir ou fazer “vistas grossas” aos seus defeitos. Se o fizermos estaremos entrando na perigosa seara do fanatismo.

Essa consciência da imperfeição deve ser encarada como uma benção universal, pois coloca cada um de nós na condição singular de poder ser importante, ao menos para nós mesmos, sem ofuscar ou apagar o brilho do semelhante.

Quem vive só para adorar seu ídolo, e quem vive só de ser adorado pelos fãs, passa sua existência, muitas vezes sem perceber, flertando com a insanidade, o que é demonstrado pelos desvarios e excessos praticados por uns e outros, apenas para continuarem sendo adorados ou acreditarem ter sido notados.

Identificar-se com alguém? Tudo bem! Mas servir a um mito é mergulhar num processo de autodestruição progressiva da personalidade e da racionalidade.

Analisando friamente, por que brigar, vestir a camisa, levantar a bandeira ou estender tapetes vermelhos para seres humanos? Só porque eles têm alguma aptidão que apreciamos?

No mais, em casos extremos essa adoração tende a funcionar como uma fuga dos problemas reais. Só que isso não os resolve. Pelo contrário, os acumula e agrava!

Uma coisa é dedicar conscientemente a vida ao próximo, ser solidário e prestativo; outra é viver a existência em função de uma única pessoa ou coisa, festejando seus sucessos e sofrendo com seus fracassos como se fossem nossos.

Uma bela voz, um belo rosto, uma pintura genial, uma música maravilhosa, um estadista carismático, um pioneiro audacioso, um cientista brilhante... Tudo representa a consumação de faculdades humanas que todos nós temos, embora nem sempre tenhamos a mesma coragem ou oportunidade de manifestá-las, tantos são os obstáculos que podem existir para alguns. Mas, se são especiais em algo, também são medíocres em outras coisas: humanos como nós!

Esquecer a própria identidade e aceitar a submissão a um ídolo é, portanto, colocar-se abaixo do limite da mediocridade. Mais que isso, é renunciar a condição de universo para se transformar em mera poeira de “estrelas”.

É sempre bom lembrar que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus! Somos, portanto, herdeiros de muito mais do que imaginamos! Por isso, quando aceitamos ou criamos ídolos humanos é como se estivéssemos lançando um fardo sobre suas costas e arreios sobre as nossas. Uma relação construída dessa forma só terá aspectos negativos, mesmo para os que tiram proveito consciente delas. Não é à toa que a história é pródiga de ídolos que destruíram a própria vida, por não suportarem o assédio e as cobranças. Também é rica de fãs que mataram ou morreram por não se darem nenhuma opção de individualidade.

Viver, perder a própria identidade e, até, morrer por um ídolo, um time ou algo parecido é um desperdício terrível da própria vida! Pior que isso: a humanidade pode estar perdendo um novo gênio ou, no mínimo, um ser humano digno!

Com certeza, cada um já teve ao menos um momento sublime na vida, onde sentiu a alma tornar o corpo leve e a mente ultrapassar a barreira dos 10%! A única diferença é que não havia platéia para aplaudir e registrar. Mas Deus, com certeza, viu e deu imenso valor!

Existem muitos nomes famosos, em várias áreas e vários países. Imaginem se eles tivessem preferido ficar limitados ao culto de seus antecessores?

O mesmo vale para nós! Por isso, é fundamental aprendermos a nos respeitar e ao próximo, como seres humanos e indivíduos capazes que todos somos!

Tornar nossa vida produtiva e auto-suficiente: esse é o grande desafio! Senão, não faltarão invasores e posseiros.


Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. Cursa Mestrado em Educação (UNISANTOS). E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.

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