É engraçado como nos deparamos com frases, principalmente de propagandas, com erros engraçados. Há uma tradicional piada que fala da "Alfaiataria Aguia de Ouro" em uma cidade do interior assim escrita. Um viajante, que ao percorrer a cidade havia deparado com quantidade de erros em outras placas de comércio - como "Serveja com disconto si jogá cinuca" - chegou para o alfaiate e elogiou: "Muito bem, você é o único que escreveu a sua placa de propaganda correta: Alfaiataria Águia de Ouro". O alfaiate, olhando por cima dos óculos, repreendeu: "Ocê num sabi lê? Ali tá inscrito é arfaitaria agúia di ouro", se referindo à agulha que usava para o arremate das roupas! E essa coisa de escrever errado e tudo bem se alastrou de tal forma que um barbeiro resolveu fazer seu marketing em cima de uma placa: "Só faço a barba cortando o cabelo". Sua freguesia, de homens que apareciam para cortar a barba, duplicou. Todos queriam provar ao profissional de corte capilar que iriam fazer a barba sem cortar o cabelo. Assim ele ia abrindo "concessões" e faturando alto. E àqueles que teimavam em dizer que sua propaganda estava errada, ele complementava: "E como posso fazer a barba sem cortar os cabelos do rosto?". Quando eu era menino, e isso faz meio século, no Rio de Janeiro, havia uma sapataria, na Rua Senhor dos Passos, próxima da Praça Tiradentes, que se chamava "A Cedofeita". Era uma homenagem a uma pequena freguesia portuguesa do Conselho do Porto, cidade que se ora estima-se em pouco mais de 25.000 os seus habitantes, pensem quantos eram em 1950! Pois foi exatamente na metade do século passado que um português imigrante, cá chegando ao Brasil, inaugurou sua loja de calçados, seguindo uma tradição da Cedofeita portuguesa. E criou o slogan "A que mais caro vende" (?). Todos fazem propaganda de coisas mais baratas, sinônimo de pouca qualidade. Ele, visionário comerciante, apostava na qualidade dos seus calçados, alguns importados. Mas um dia deste me surpreendi com algo engraçado. Virginalda, uma filha de migrantes do Sertão Pobre (pois há o Sertão Remediado e até o Sertão Rico), tinha a família "desletrada" totalmente. Seu pai, quando gritava pelo seu nome, era o mesmo que se ouvir "virge-nada". Desde menina ela sofria a gozação: "Seu pai diz que você é virgem nada", aborreciam-na os meninos. Ela, sufocada, passava por cima e ia levando. Como profissão, aprendeu a de manicure. Foi evoluindo e passou a cortar cabelos. Por fim, participou de um curso básico de pintura de cabelos, promovido por uma distribuidoras de henês e colorantes, e resolveu, então, progredir. Já tinha um pequeno salão registrado como "Duple Sexy", pois atendia uma grande freguesia de mulheres e homens também. Afinal, cobrava baratinho. Nesse negócio de "Unisexy" ela não era muito chegada. Sempre repetia que o "trem bão" tem que ser a dois. Assim, com o curso de "Corte e Pintura de Cabelos", resolveu expandir seus serviços à freguesia. Arranjou outra profissional, já que pintura de cabelos de alta qualidade demanda tempo. Mas ficou surpresa que os clientes homens desapareceram do salão... Não se apercebeu que a fuga deles foi por causa da nova placa de propaganda, onde se lia: "Corto cabelo e pinto"!!! Nota do Editor: Seu Pedro (Pedro Diedrichs) é escritor e "Jornalista do Sertão", 60 anos, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi / Bahia, cidade onde é voluntário da APAE e presidente do Conselho da Comunidade - CCG.
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