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Opinião
11/03/2008 - 10h11
O Bush da América Latina
Percival Puggina - MSM
 

Na terça-feira dia 4, quando ainda se transportavam os cadáveres produzidos na operação colombiana que encaminhou Raúl Reyes para o ajuste de contas com o Criador, fui chamado, com outros convidados, para debater o assunto num destacado programa de rádio. Pude perceber uma surpresa geral quando firmei posição irrestritamente favorável à atitude do governo colombiano. E ainda maior surpresa quando a pesquisa interativa mostrou que 88% das centenas de ouvintes que se manifestavam através dos telefones referendavam essa opinião.

Na véspera, a totalidade das manifestações oficiais, textos, análises e comentários, em rádio, jornal e tevê, por todo país, espinafrara o ato do exército colombiano. Lamentara a interrupção das “trocas humanitárias” que estariam em curso nas últimas semanas (haviam libertado meia dúzia de um contingente superior a setecentos). Repreendera severamente a invasão do território equatoriano e a execução do “porta-voz” Raúl Reyes. Clamara contra uma grave infração à soberania equatoriana. Pois eis que, malgrado tudo isso, a imensa maioria dos que telefonavam para a emissora referendava o ato e reconhecia as razões da Colômbia.

Não deixa de ser surpreendente o fato de que tantos ouvintes de um dos mais significativos programas da mídia estadual, contra o consenso dos formadores de opinião do país, tenham levado em consideração, nos fatos que chegavam ao seu conhecimento, o caráter criminoso da ação das Farc, a necessidade de extingui-las, o efeito positivo que essa extinção determinará sobre a geopolítica da América Latina e a conduta politicamente tarada, degenerada, do presidente da Venezuela e seus parceiros.

Contra tudo e contra todos, o senso comum entendeu o perigo representado por Hugo Chávez, o “Bush da América Latina”, metido e intrometido, pretensioso e arrogante, que se imiscui na vida de todas as nações do continente.

Tenho certeza, no entanto, de que esse mesmo senso comum ficou pasmo com a atitude do nosso governo. As pessoas entenderam muito bem que a Colômbia é um país democrático onde o poder é acessível pelo voto. Perceberam o caráter quadrilheiro das Farc. Deram-se conta de que o invasor era o Raúl Reyes e de que o realmente inaceitável era a proteção equatoriana ao grupo. Perceberam o conluio político estabelecido entre Rafael Correa, Hugo Chávez e as Farc. Mas não entenderam bem o comportamento do Brasil na encrenca. É o que ficou faltando colocar sob os holofotes.

Acendamos, então, as luzes. Só há uma explicação para o fato de o governo brasileiro verberar contra a conduta oportuna e defensiva da Colômbia ao autorizar operação de extermínio dos bandidos e, simultaneamente, calar, com silêncios de túmulo, sobre a intromissão venezuelana e o banditismo das Farc. E a explicação é bem simples: são todos lacrimosos, fraternos e solidários companheiros do Foro de São Paulo. O pacto vigente entre eles se ergue acima de qualquer outra regra moral compreensível pelo senso comum.


Nota do Editor: Percival Puggina (www.puggina.org) é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

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