Muitos pais enfrentam um problema antigo, mas que pode ser resolvido com atitudes simples e firmes: a falta de sono ou de rotina na hora de dormir. Essa rotina deve apenas contar com o prazer de satisfazer a necessidade de dormir, não precisa ser rodeada de outros prazeres, como a exigência da companhia adulta, embalo prolongado ao colo ou uso da cama dos pais e não da sua própria cama. Os pais se deparam com a seguinte dúvida: devemos deixar o bebê ou a criança “chorar até dormir” em algumas situações? Sim, pois isso pode ajudar um bebê a perceber que ele pode adormecer por si próprio. Mas lembre-se: essa atitude deve ser tomada apenas quando a criança já tiver alguns meses e puder se sentir seguro e com mais controle de seu ambiente. Já a divisão da mesma cama por pais e filhos é um procedimento associado a um grande número de problemas. Por exemplo: maior incidência de distúrbios do sono nestas crianças. Problemas dentários como cáries também são maiores, já que a alimentação noturna é facilitada pela criança estar mais próxima dos pais. Além disso, o fato de dormir com os pais priva a criança da oportunidade de aprender a pegar no sono sozinha. Algumas pesquisas sugerem que o hábito de dormir com os pais prejudique o desenvolvimento emocional do filho, pois afeta o sentimento de independência e o senso de privacidade. Outro fator de risco pequeno, mais real, é perigo de asfixia em bebês que por ventura dormem na cama junto com os pais. A rotina de sono varia conforme a idade da criança. Recém-nascidos dormem em média 20 horas, e acordam apenas por conta da fome ou se sentem algum desconforto. O sono diminui gradativamente com o passar dos meses e no primeiro ano de vida, além das seis a oito horas dormidas seguidamente durante a noite, a criança pode necessitar de dois cochilos diários. Já entre dois e quatro anos a criança não tem necessidade de dormir durante o dia, mas precisa de um sono de 13 horas, aproximadamente. Entretanto, é importante ressaltar que cada criança tem seu ritmo, que deve ser respeitado. Independente da energia da criança, algumas atitudes simples podem ajudar os pais na hora do filho pegar no sono: - Deixar o espaço aconchegante e com temperatura adequada. Excesso de calor ou frio perturbam o sono; - Manter a criança em espaço próprio e não interromper o sono por qualquer choro ou barulho; - Implantar uma rotina regular para dormir; - Explicar a necessidade do sono; - Em casos de medo de ficar sozinha, insista para que a criança permaneça em sua cama. Acomode bem o seu filho, seja firme, e não retorne após as despedidas. Se as dificuldades na hora de dormir forem persistentes com repercussões físicas e emocionais – tanto na criança como nos pais – é necessário buscar a ajuda de um pediatra. O sono faz parte do processo de educação da criança. Nota do Editor: Drª Eliana Kuchpil Branco é pediatra do Hospital Nossa Senhora das Graças.
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