É provável que grande parte dos moradores do Ipiranguinha não saiba dimensionar o que é um “milênio”. São mil anos, ou seja, 250 mandatos de prefeito.

No lançamento do programa “Os Objetivos do Milênio”, o prefeito, em seu discurso, destacou: “iniciaremos este projeto agora, e não terá fim, até que consigamos atingir nossa meta”. Ou seja, ele não só é candidato à reeleição, como também a sua imortalidade. O nobre candidato, atual presidente da SABI, também ficou empolgado com o projeto, mas, nunca teve uma boa leitura para defender o seu bairro. Ipiranguinha, faz muitos anos que vem contribuindo para uma grande parte da arrecadação de impostos do Município e só recebe migalhas. O que tem levado o bairro a só ser lembrado é ano de eleição e ter características das mais baixas no contexto do desenvolvimento humano. Que retribuição tem o lugar que ostenta a maioria dos trabalhadores do Município? Um comércio que batalha dia-a-dia para sobreviver, suas mulheres, as mais sacrificadas do Município, muitas vezes, cumprindo até três jornadas de trabalho, o que, freqüentemente, as levam a descuidar da atenção com seus próprios filhos. Esperemos que neste “milênio” consiga o povo todo de Ubatuba parar de jogar o lixo, no bairro mais nobre da cidade. Que nesse “milênio” recuperemos um dos rios mais bonitos do município, que seria um atrativo de lazer e turismo para uma das entradas de nosso entorno, onde os turistas entram e aumentam a velocidade de seus carros possantes, para não observar, nem aspirar os “aromas” do lixão do Parque dos Ministérios, sentindo como se tivessem entrando em um trecho que se assemelha ao Afeganistão, na “Capital do Surfe”.

Além disso, há um grande descompasso entre a Administração Municipal e o Governo do Estado. Ambos parecem não perceber que estamos em uma área urbana, onde neste trecho deveria ter duas pistas, com um canteiro ajardinado central, para embelezar a passagem de entrada na cidade, transformando-a em mais um cartão postal e evitando acidentes, muito freqüentes na região.

Para usar o velho senso comum, não precisamos percorrer um milênio, quando as ações são bem pensadas. Como é útil e providencial a Internet, onde conseguimos transformar um programa da ONU em cabo eleitoral, menosprezando a capacidade criativa de nossa Administração, que conta em seus quadros, até com um economista aposentado de renome, que não é aproveitado nas análises dos caminhos a seguir.

Miguel Angel
Ubatuba, SP