Em artigo “Ensino público de qualidade” (Folha de São Paulo, 18 de fevereiro de 2008) os mestres Haddad e Mangabeira Unger destacam “o primeiro é consertar o elo fraco de nosso sistema escolar: o ensino médio”, “objetivo é aproveitar a escola média como lugar privilegiado para mudar o paradigma pedagógico dominante no ensino brasileiro”. Com todo o respeito a meus caros mestres discordo que este, “ensino médio” seja “o elo fraco de nosso sistema escolar”. Estou cansado de ouvir aos meios falar que a escola tem que formar o “cidadão”. O elo fraco da nossa educação é o ensino primário que formam o ser Social e Humano. Quando uma criança sai por primeira vez a participar do convívio social, onde os bancos escolares duplos usados por mais de uma geração, no qual ficavam gravadas nossas passagens pela escola. No primeiro ano e assim sucessivamente durante todos os anos de nossa escola primária passávamos a compartir em uma célula de formação Social e Humana o vínculo entre duas crianças de lares diferentes e passavam elas a formar a célula de comportamento humano. A escola primária através do mestre os preparava dos 7 anos aos 12 para ser seres racionais e solidários. A tal revolução tecnológica, jogou fora essas marcas que constituíam uma inserção indelével da sociedade com seus valores. As crianças perderam a perspectiva humana e passaram a ser como caixas a serem preenchidas e quando se enchem os programas se dão por concluídos. As crianças passam a ser indivíduos e recebem na educação códigos funcionais de conduta. Assim a sociedade produz indivíduos capazes de funcionar na vida social e no trabalho como se fossem autômatos sociais, mais desprovidos dos valores que dão sentido a este tipo de funcionamento. Esse indivíduo possui uma máscara que em seu interior está vazia, carece de sentido, de sentimentos ou de uma interpretação errada do mundo. O indivíduo sem raízes, que já não encontra raízes morais em seu lar nem na sociedade que o rodeia, costuma buscar refúgio em paraísos artificiais, como as drogas ou em grupos que procuram uma identidade as margens das coordenadas e tentam inutilmente lhe transmitir a sociedade. Por esse motivo, se não existe uma educação humana antes que “cidadã” não será possível daqui para frente conceber uma sociedade medianamente harmoniosa. O Mestre (o pedagogo) tem que ser portador de um conceito filosófico de humanismo. O professor é um título ligado a alguém que verte informações sobre uma matéria específica. O mestre é o verdadeiro pedagogo. Aos 40 anos de idade, atingia o mestre, o ápice de sua cultura educacional, hoje, justamente nesta fase, quando a Pátria precisaria dele, com mais razão, ele se aposenta. Miguel Angel Ubatuba, SP magubax@hotmail.com
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