10/09/2025  03h45
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
29/03/2008 - 14h29
O tempo da crise
Alcides Leite Domingues Junior
 

O pânico gerado pelos ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York, somado às medidas de estímulo pós-estouro da bolha das ações das empresas de tecnologia, levou o Federal Reserve (FED) a reduzir radicalmente as taxas de juros e a incentivar a expansão do crédito no mercado interno americano.

Para conter a exagerada expansão do consumo alguns anos depois da medida, o FED aumentou as taxas de juros, que foram de 1,22% no início de 2002 a 5,25% no final de 2006. O aumento das taxas de juros trouxe grandes dificuldades para a maioria da população americana, que havia abusado do endividamento. Como conseqüência, a inadimplência cresceu e contaminou todo o sistema financeiro que também abusou da alavancagem. O resto da história nós estamos vendo acontecer desde o início do segundo semestre do ano passado.

Sob o ponto de vista da política monetária, o FED atuou corretivamente ao longo do período em que o consumo estava se expandindo. Ele aumentou as taxa de juros e encareceu o custo dos financiamentos. Ação, aliás, que trouxe como conseqüência o aumento da inadimplência. O problema é que o timing talvez tenha sido errado. O FED deveria agir preventivamente, a fim de evitar o início da bolha de consumo. Isto é, deveria impedir que a bolha se formasse.

Agora que a bolha estourou, o FED teve que correr, o que ele vem fazendo muito bem. Nesse momento, mais importante do que o volume de recursos despejados no mercado ou o tamanho dos cortes das taxas de juros, é a prontidão com que ele responde a cada novo foco de incêndio que aparece diariamente.

O processo de saneamento do mercado financeiro americano, dado o tamanho do problema, deve levar mais alguns meses. Talvez até meados deste ano. Para isto, não faltarão recursos e força de vontade dos mercados mundiais. Por maior que seja o problema, há dinheiro de sobra acumulado pelos fundos asiáticos ao longo dos últimos anos. A eficiência do mercado financeiro americano permitirá que os recursos espalhados pelo mundo cheguem rápido para tapar os buracos gerados pelo estouro da bolha.

Para a economia real, no entanto, o processo de ajuste deverá levar mais tempo. A desvalorização do dólar estimulará as exportações e inibirá as importações nos Estados Unidos, gerando emprego interno e impulsionando o crescimento econômico. O barateamento dos ativos americanos atrairá grande quantidade de capital estrangeiro, aumentando a taxa de investimento e a produção. Mas, devido à dinâmica da economia real, esse processo demanda pelo menos uns dois anos.

Enquanto durar o processo de saneamento do mercado financeiro americano, a turbulência continuará. As Bolsas de Valores no mundo todo sofrerão as conseqüências. No entanto, após esse saneamento, os países que estiverem mais equilibrados conseguirão se destacar. Acredito que, para o Brasil, essa crise possa até ser benéfica. No curto prazo, menos inflação; e no longo prazo, mais credibilidade.


Nota do Editor: Alcides Leite Domingues Junior é professor de macroeconomia da Trevisan Escola de Negócios. Email: alcides.leite@trevisan.edu.br.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.