A modernidade ficou de luto, a racionalidade econômica fugiu do Brasil que nem o diabo da cruz e o estado de direito mais uma vez foi estuprado em Terra Brasilis. No dia 12 de março de 2008 - data que entrará para a história como o Dia dos Pusilânimes - nossos "destemidos" congressistas, sob urros e ameaças da cambada sindical, mantiveram essa excrescência jurídica fascistóide proveniente do peleguismo de Vargas: o imposto sindical até para os trabalhadores não-sindicalizados. Sendo que não só foram legalmente reconhecidas - após mais de 20 anos na ilegalidade - as centrais sindicais: CUT, Força Sindical et caterva, como também beneficiadas agora de boa parte do referido imposto. Suas excelências mantiveram uma dupla agressão ao direito constitucional de livre associação - não confundir com "associação livre", modo mediante o qual a maioria dos brasileiros costuma pensar - em primeiro lugar, desrespeitando o direito dos indivíduos se unirem ou não com vistas a determinado fim - desde que não caracterize formação de quadrilha -, em segundo lugar, que possam criar tantos sindicatos e associações de classe quantos acharem desejável (sem que recebem um só centavo do Estado, obviamente!) "Central única de trabalhadores" é coisa de Mussolini, Perón, Vargas e outros ditadores fascistas. Como seus primos, os comunistas, padecem dos mesmos autoritarismo e truculência. Lembremos que foi justamente contra um sindicato único que lutou o Solidarietat de Lech Walesa na Polônia, concorrendo, com o corajoso apoio de João Paulo II, para a dissolução da finada União Soviética em 1991. Annus mirabilis! O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), fervoroso acólito do peleguismo, assim se pronunciou: "Foi uma vitória dos trabalhadores, que há mais de 100 anos tentam legalizar as centrais" [obs. fato este que não as impediu de comandar greves, mas só quando o chefão da patota estava na oposição!], "e também garante recursos às entidades que não tinham nenhum poder econômico" [obs. não tinham, mas agora têm graças às fartas tetas da vaca estatal, de um Estado inchado, incompetente e corrupto sugando dinheiro do vampirizado contribuinte brasileiro]. O Brasil é campeão mundial de carga tributária, tendo recentemente tirado esse desonroso título da Turquia. [Jornal do Commercio, 13/3/2008] Prossegue ainda o presidente da Força Sindical, "Com recursos vamos poder apoiar, vamos poder treinar melhor nossos dirigentes". [idem, ibidem.] Treinar para que? Para formar grupos de pressão nas galerias do Congresso urrando e ameaçando nossos tíbios congressistas? Para engabelar os trabalhadores, que sustentam com o suor de seus rostos uma Nomenklatura de privilegiados líderes sindicais vivendo nababescamente e debochando dos otários que os sustentam, como proxenetas vivendo às custas de marafonas?! Causando uma falsa impressão de modernidade, a direção da CUT afirmou ser a favor da extinção do imposto. Eu também, porém, obviamente, por diferentes motivos. Disse a secretária nacional de Organização Sindical da central, Denise Motta Dau: "Nossa proposta é acabar com o imposto e substituí-lo pela contribuição negocial" (op.cit.). Que raio de bicho é este? Não fazemos a menor idéia e a referida secretária também não se deu ao trabalho de nos esclarecer. No entanto, partindo da CUT-PT [sindicato-partido único no mundo tal como nossa Justiça do Trabalho] só pode ser besteira ou sem-vergonhice, ou mesmo ambas as coisas. Um sóbrio entre os ébrios, o deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) é um ex-bancário que defende o direito de escolha do trabalhador sobre o pagamento e há algum tempo tem sido uma voz liberal clamando num deserto de truculentos adeptos de Mussolini e da Carta del Lavoro fascista. Diz essa honrosa exceção: "A preservação do imposto sindical é uma decisão absurda porque dá sobrevida a uma situação que há 70 anos inferniza os trabalhadores e os empresários, uma farra que existe desde a ditadura Vargas" (op. cit.). Sábias palavras! Meu total apoio! Tenho dito, redito e “n” vezes repetido, para quem quiser e para quem não quiser ouvir: “A Era Vargas ainda não acabou!” Quando será que este infeliz país abandonará o pântano de corrupção, ignorância, autoritarismo e atraso em que vem alegremente chafurdando?! Ah! Que falta faz uma mulher competente e decidida como a Dama de Ferro, Maggie Thatcher, para dobrar a espinha dorsal desse podre sindicalismo brasileiro cujo pior fruto até agora foi o homem que veio de Garanhuns (PE), que nada sabe e de nada sabe. E mais de 50% do povo acredita piamente no que ele diz. Por exemplo: disse que o SUS atingiu a perfeição quando muitas crianças morrem de dengue no Rio de Janeiro. Nota do Editor: Mario Guerreiro (xerxes39@gmail.com) é Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).
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