O termo "gang", em inglês, significa turma e ainda é empregado para designar guarnições de navios e turmas de desenhos animados. Infelizmente, os tempos tornaram essa palavra um sinônimo de delinqüência urbana, e hoje as gangues são encontradas em todas as classes sociais. Deixaram de ser meio duvidoso de sobrevivência na "selva", para virarem "curtição", "barato" que, por detrás do aparente destemor de seus membros, esconde outros motivos. Na verdade, as gangues não passam de grupos de indivíduos cujo único objetivo é criar coragem para praticar atos de pura covardia, como: afrontar, humilhar, assaltar e estuprar inocentes indefesos, ou depredar patrimônio público ou particular. Nisso, aliás, elas pouco diferem de suas versões mais sofisticadas e socialmente bem aceitas. Também têm códigos de honra e métodos semelhantes de aliciamento, tais como: culto a personalidade e coação física ou psicológica, geralmente baseadas no lema: "Manda quem pode, obedece quem tem juízo!". Mas também há quem as procure para encontrar cúmplices, justificar desvios de caráter. As gangues lembram, ainda, um câncer, quanto à evolução. Assim, temos a gangue de fulano, da rua, do bairro, de algumas torcidas organizadas, de certos partidos políticos, de determinadas corporações econômicas e países totalitários. No fundo, todas têm os mesmos objetivos: obter o poder pelo medo, embora em níveis diferentes, e usar de todos os meios possíveis para mantê-lo. E sempre tem alguém disposto a justificar socialmente suas práticas, defender juridicamente seus mentores e atores, ou transformar degeneração social em movimento de protesto "legítimo", com apoio direto ou indireto da mídia. Darwin justifica? Freud explica? A única certeza é que o demo se diverte! Às vezes estar em grupo não basta! É preciso "turbinar" a adrenalina com drogas e armas! Muito corajoso, não? Não é a toa que a hierarquia das gangues é definida pela quantidade de cicatrizes e crimes de seus líderes, ou seja, pela "folha-corrida". E elas competem entre si para demonstrar quem é capaz de cometer as piores barbaridades. Marcam encontros em áreas públicas, envolvem inocentes em suas disputas estúpidas, apenas para mostrar sua "força", ou por pura diversão. E quando são presos dizem que estavam "na luta"... O que será que seus membros pensam? Que legal é ser amigo de bandido, rico ou pobre? É vingar suas mágoas e traumas nas pessoas erradas? É aceitar viver de sobras, assombrando e sendo sombra? É participar da escalada do revide, na lógica da insanidade? É dizer que não tem medo de nada, mas viver a fugir da vida? Por tudo isso, as gangues são como um vício: fácil de entrar, mas difícil de sair! E para sair é preciso muita coragem! Coragem, inclusive, para pedir ajuda. Será que quem está dentro tem coragem para isso? Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. Mestrando em Educação (UNISANTOS). E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.
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