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Medicina e Saúde
23/04/2008 - 18h09
Bulimia nervosa
Márcia Wirth
 
Compulsão alimentar seguida por atitudes compensatórias

Muitas vezes, as pacientes não sabem que têm o problema. Elas explicam as várias horas de academia, dizendo que o exercício faz bem à sua saúde, os laxantes tomados em grandes doses são justificativas para o "intestino preso", os episódios de comer compulsivo são frutos da ansiedade.

"A paciente com bulimia não tem a magreza da paciente com anorexia, não assume o transtorno alimentar, é geralmente extrovertida durante as consultas, freqüenta anos a fio os consultórios médicos, tentando perder peso e aparenta tratar-se de ’mais uma pessoa ansiosa’ que tem dificuldade para perder peso. Somente quando se sente segura e amparada é que esta paciente se abre. Cabe ao médico uma abordagem clínica direcionada para a busca de possíveis transtornos alimentares. Caso contrário, os casos de bulimia nervosa nunca serão diagnosticados", explica a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen (www.citen.com.br), Centro Integrado de Terapia Nutricional.

O aparecimento da doença dá-se, geralmente, na adolescência e início da idade adulta. A bulimia nervosa caracteriza-se por episódios de grande e rápida ingestão alimentar com sensação de ’perda do controle’, durante os acessos bulímicos. Muitas vezes, o paciente come alimentos que ele nem aprecia e come o que encontra pela frente. Come até a exaustão e a dor física. Depois surge a culpa, a tristeza, a vergonha e a decepção por não ter conseguido se conter. "Estes episódios ocorrem várias vezes por semana e são geralmente acompanhados por atitudes compensatórias para o controle de peso, como o uso de medicamentos - diuréticos, laxantes e inibidores de apetite - excesso de exercícios físicos, dietas drásticas, longos períodos de jejum e vômitos induzidos", diz a endocrinologista. Nem todos os pacientes com bulimia nervosa induzem vômitos e aqueles que o fazem dificilmente assumem o fato.

A paciente com bulimia nervosa muitas vezes tem sobrepeso e até obesidade. Come de forma alucinada, desregrada, compulsiva, buscando uma sensação de preenchimento e uma diminuição da angústia. "A sua marca emocional é a falta do controle das próprias emoções. Apesar disso se mostra festiva, alegre e sociável, mesmo estando depressiva e ansiosa", afirma a diretora do Citen.

As origens da bulimia nervosa

Ainda não conhecemos as causas da bulimia. Sabemos que vários fatores podem contribuir para esse comportamento alimentar aberrante. Há componentes familiares e genéticos bem definidos, mas também são reconhecidos fatores psicológicos e sociais. "Estudos com gêmeos idênticos separados ao nascer, adotados por famílias diferentes, e que vieram a desenvolver um distúrbio alimentar, indicam a possibilidade de uma predisposição genética", revela a endocrinologista.

A exposição de meninas susceptíveis aos transtornos alimentares às "dietas da moda" está claramente relacionada ao desenvolvimento de casos do comer patológico. Isso provavelmente se relaciona ao fato dessas dietas apresentarem em comum grande restrição calórica, monotonia de refeições e perdas de peso fantasiosas, a curto prazo. "Todas essas características transformam essas dietas em preâmbulos do jejum prolongado. E esse é o caminho mais curto para os episódios compulsivos, os vômitos e as várias outras atitudes purgativas que caracterizam a bulimia", explica a médica.

Diversos estudos científicos relacionam as dietas restritivas com os transtornos alimentares, principalmente com a “Síndrome do Comer Compulsivo” e com a “Bulimia Nervosa”. Um estudo realizado por Patton e colaboradores - publicado em 1999, no British Medical Journal - com adolescentes australianas, entre 14 e 15 anos de idade, revelou que meninas submetidas a dietas restritivas apresentaram uma propensão 18 vezes maior a desenvolver a síndrome bulímica do que aquelas que se alimentavam normalmente.

Complicações da bulimia nervosa

Devido à grande ingestão de alimentos e aos episódios purgativos, a bulimia pode dar origem a outras complicações de saúde, tais como:

· Grande perda de massa muscular, que aumenta a tendência ao ganho de peso, por serem os músculos os responsáveis por nossa queima metabólica;
· Maior risco de colite, perda da motilidade intestinal normal e sangramento intestinal, uma vez que o uso crônico dos laxantes causa lesões irreversíveis ao sistema do intestino que controla os seus movimentos;
· Alterações hormonais, como ovários policísticos, infertilidade entre as meninas e desequilíbrio da produção de testosterona entre os rapazes;
· Sinas de desnutrição por deficiência de vitaminas e minerais, o que acarreta unhas fracas, queda de cabelos e alterações de pele;
· Descontrole da tireóide: uma das causas do hipotireoidismo é o uso descontrolado de remédios para perder peso;
· Auto-mutilação com surtos de ansiedade e nervosismo;
· Maior incidência de infecção de garganta;
· Problemas gástricos: dor de estômago, esofagite, gastrite, sangramento gastrintestinal;
· Corrosão e queda dos dentes por causa do ácido do estômago, que durante os vômitos freqüentes entram em contato com partes do corpo que não têm proteção contra ele (esôfago, faringe, traquéia, mucosa bucal, dentes).

Tratando o problema

O tratamento da bulimia nervosa, assim como o de todos os transtornos alimentares, envolve uma equipe multidisciplinar de atendimento composta por médicos, nutricionistas e psicólogos ou psicanalistas.

A terapia cognitivo-comportamental, a psicoterapia e a psicanálise podem ser utilizadas conjuntamente com a orientação nutricional. Alguns medicamentos, principalmente, alguns antidepressivos e sacietógenos podem ser aliados importantes do tratamento. "Fundamental, também, é o papel da família como suporte no tratamento desses pacientes, fornecendo apoio e compreensão, evitando atitudes de julgamento e crítica", diz a médica.

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