Acho válida a preocupação de despertar o turismo de negócios no município, com o intuito de combater a sazonalidade, mas pergunto: teremos capacidade de continuar atraindo o turista na temporada com um número cada vez maior de praias poluídas, a exemplo de Itamambuca, Dura, Santa Rita, Perequê-Mirim e Itaguá, todas impróprias para banho, de acordo com monitoramento da Cetesb? Não seria mais inteligente empregar tamanha verba, no montante de R$ 1,7 milhão, conforme divulgado, em saneamento básico? O que é mais importante neste momento, ter um Centro de Convenções ou uma cidade limpa, preparada para receber o turista o ano inteiro? Sei que o secretário municipal de Turismo é sensível ao problema, aliás, foi o único que compareceu ao “penicaço”, manifesto organizado pela sociedade civil, em Itamambuca, justamente com o propósito de pedir por saneamento básico já, mas desconfio que esta não seja uma preocupação premente da atual administração como um todo. Estamos diante de uma ótima oportunidade para o prefeito Eduardo Cesar articular-se em busca de verbas para sanear o município. A ausência de saneamento adequado tem sérios impactos sobre a saúde e o desenvolvimento social. Só para se ter uma idéia, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, 20 mil crianças morrem por ano em conseqüência da falta de saneamento. Numa matéria publicada na Revista Digital Envolverde (www.envolverde.ig.com.br), a diretora executiva da entidade, Ann Veneman, faz uma declaração na qual pode-se enxergar o verdadeiro caminho para a prosperidade não só dos empresários de Ubatuba, mas de toda a população: “os investimentos na melhoria do saneamento acelerarão o progresso até o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e salvarão vidas". Ainda segundo o Unicef, na América Latina, 124 milhões de pessoas não possuem instalações de saneamento melhorado, o que as obriga a defecar ao ar livre ou usar instalações deficientes para tal. Só 14% das águas residuais da região são tratadas, enquanto 40% dos resíduos sólidos não são dispostos adequadamente, contaminando a terra e os corpos d’água. A falta de saneamento afeta não apenas as pessoas que vivem em áreas carentes desses serviços, mas toda a sociedade, pois mais de 75% das águas residuais do mundo são jogadas no meio ambiente sem tratamento algum, contaminando as mesmas fontes de água que usamos para beber e nos banhar. O saneamento melhorado tem efeitos positivos no crescimento econômico, na redução da pobreza e na preservação ambiental. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde, cada dólar investido para melhorar o saneamento e alcançar a meta traçada pelos Objetivos do Milênio gera, em média, um benefício econômico de US$ 12. Haveria números mais convincentes para provar a insensatez da falta de investimento em saneamento básico? O que Prefeitura, Sabesp, Ministério Público – que aqui em Itamambuca já embargou a construção financiada pela sociedade civil organizada de fossa coletiva para casas que jogavam o esgoto in natura no rio e que, portanto, continuam jogando –, entre outros órgãos, têm a dizer sobre esse descalabro? Só espero que as respostas não aguardem a construção do Centro de Convenções, pois não precisamos de espaço para debatê-las. O que falta é vontade política para tomar as atitudes necessárias. Regina Teixeira ING (Indivíduo Não-Governamental) Ubatuba, SP
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