OMS destaca que o fim da epidemia do tabaco depende de iniciativas dos governos e da sociedade civil
A Organização Mundial da Saúde acaba de divulgar um relatório impactante. Trata-se do documento sobre os números mundiais da epidemia do tabaco. De acordo com a entidade, o cigarro mata atualmente 5,4 milhões de pessoas no planeta e, por volta de 2030, esse número alcançará a casa dos 8 milhões. "Cerca de 80% desses óbitos ocorrerão nos países em desenvolvimento, como o Brasil", esclarece o oncologista Murilo Buso, diretor do Centro de Câncer de Brasília. A diretora geral da OMS, Margaret Chan, lembra no relatório que o tabagismo está relacionado a 6 das 8 principais causas de morte e que o combate à epidemia não está em remédios e vacinas, mas em iniciativas dos governos e da sociedade civil. "Nunca é demais lembrar que o cigarro mata a metade de seus usuários. E o que é pior: leva anos para mostrar seus malefícios", comenta Dr. Buso, que lidera há 5 anos o movimento ’Sem Tabaco, 100% Fashion’. "O foco da ação está nas crianças e nos adolescentes. Queremos que eles não comecem a fumar", explica. Para apoiar as nações comprometidas com a questão, a OMS organizou 6 políticas. A primeira consiste no adequado monitoramento do consumo de cigarros. A cada 3 países em desenvolvimento, 2 não têm nenhuma informação sobre o tabagismo entre jovens e adultos. O combate ao fumo passivo é outra ação imprescindível. A entidade defende a criação e a implementação de leis que garantam espaços livres da fumaça. Atualmente, apenas 5% da população mundial contam com legislação efetiva nesse sentido. Outra medida apresentada no relatório é a oferta de assistência a quem deseja abandonar o vício. "Há mais de um bilhão de fumantes no mundo, sendo que a maior parte tem no hábito uma adição", ilustra Dr. Buso. Somente nove países possuem serviços estruturados e acessíveis para tratamento da dependência. A quinta política compreende a disseminação dos riscos do cigarro, como os alertas nas embalagens e a restrição ao uso de termos como ’light’. "Já está comprovado que a redução dos teores de nicotina e alcatrão não diminui a incidência de câncer", enfatiza o oncologista. Banir totalmente anúncios, promoções e patrocínios da indústria tabagista é mais uma ação proposta. Para completar o rol, a OMS sugere ainda a elevação dos impostos sobre os produtos do setor. "Isso afeta o preço final e o custo alto é mais um recurso para impedir que as pessoas comecem a fumar", complementa Dr. Buso. O documento traz os dados do tabagismo nos diferentes continentes. No Brasil, 17,2% dos jovens fumam diariamente, percentual superior ao de adultos - 16,2%. Acompanhando os países mais avançados, a publicidade em veículos de comunicação e o patrocínio são proibidos, assim como a distribuição gratuita do produto.
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