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05/05/2008 - 10h00
Resquícios de uma política ultrapassada
Ednelson Prado
 

O Brasil viveu anos de ditadura, anos sem que a população pudesse externar suas opiniões e seus pensamentos acerca de questões políticas. Por conta disso, a Constituição de 1988 trouxe, em seu artigo quinto, a proteção aos direitos de expressão, de opinião e de crítica. Um avanço, para um país que passou tanto tempo sob as regras da ditadura.

Foi a partir da abertura, com o fim do governo militar, que o povo brasileiro voltou a ter a oportunidade de fazer política. No começo, não foi tarefa fácil. Na verdade, ainda engatinhamos nesse aspecto, com erros e acertos, a cada eleição; mas temos evoluído claro. Mas os acontecimentos que envolveram o prefeito de Ubatuba, Eduardo César, são uma demonstração de que ainda há um longo percurso a percorrer. A agressão por ele sofrida merece ser repudiada. Por uma visão particular, vou me ater por entendimentos que vão percorrer caminhos do respeito à figura pública e à forma ultrapassada de fazer política.

Primeiro, é preciso deixar claro o prefeito é uma autoridade constituída a partir do voto. Em um processo democrático, a escolha da maioria prevalece. Ao ser eleito, o prefeito deixa de ser o representante de um grupo político, para ser o representante maior da cidade. Apenas por isso já merece todo o respeito que o cargo lhe confere.

Claro que aqui, de um jornalista, não se pode esperar algo que não a defesa do direito, e a liberdade, de expressão. Porém, quando esse direito dá espaço ao desrespeito, o ato perde sua finalidade e começa a trilhar outros caminhos: o da ignorância e o da irracionalidade. Mas há outro ponto que deve ser o motivo maior de uma atitude desrespeitosa como essa: o político, claro. E é a esse que voltamos nossa atenção.

Afinal, por mais descontente que pudesse estar a população (e pelo que acompanho nas ruas não há nenhum sinal de tal insatisfação), uma atitude como essa só seria tomada como ato extremo, o que não condiz com o perfil dos moradores de Ubatuba. A história recente da cidade deixa isso bem claro. Nem mesmo quando o nome da cidade ficou estampado na manchete dos jornais por conta do escândalo do Passat (se lembram?), ou quando se desviou dinheiro de pagamento do IPTU para contas em Vinhedo (se lembram?), vimos manifestações como essa. Logo, somente motivação política, feita de forma articulada, explicaria algo assim, ao contrário das ações de muitos grupos políticos, pois historicamente, em comícios, muito se viu de atitudes similares, sempre ordenadas e orquestradas por grupos de oposição, a população, por si mesma, não age assim.

Se considerarmos que há indícios de que membros com ligações com partidos políticos, curiosamente, estavam naquele momento, naquele local, filmando o evento, o entendimento não pode ser outro senão armação. Fala-se em participação de membros do PSDB. Eu não acredito, mesmo porque o PSDB de Ubatuba tem uma história de oposição propositiva. Em tempos, por exemplo, de Pedro Tuzino, nunca se viu algo assim. Essa é uma armação vil, de um grupo que ainda pensa política como a que se realizava há tempos, o chamado coronelismo. Uma forma mais do que ultrapassada de fazer política.

Hoje, passados mais de 20 anos após o fim da ditadura, a população vê as ações políticas de outra maneira. Em pleno século XXI, o que ela espera dos partidos, dos grupos, dos candidatos, não são ataques e agressões. O povo, hoje, quer trabalho, propostas, pessoas comprometidas com suas causas, que defendam seus interesses, que apresentem projetos e que não saiam por aí agredindo a quem quer que seja, principalmente aqueles que foram eleitos pelo voto direto, no exercício da democracia.

Eu sempre fui e serei a favor da oposição. Entendo que oposição é necessária para fazer com que os ocupantes do poder fiquem atentos e não se sintam soberanos a ponto de agirem de forma inconseqüente. Entendo oposição, também, como uma forma de se fazer política, de se apresentar propostas, projetos e alternativas. Engana-se aquele que pensa que a oposição existe apenas para apontar erros, para agredir e ofender. Isso não é oposição, isso é burrice. O povo não quer mais isso.

Esperamos que o fato ocorrido, de cunho político, tenha sido um fato isolado e que não se repita. A campanha está à porta, e todos os agentes políticos envolvidos têm de estar voltados para apresentar o melhor de si pela cidade, e não apenas com a proposta de destruir a imagem de seus adversários. Precisamos de ética na política. Mas a ética não pode ser cobrada apenas de quem está no poder, é preciso que ela esteja em nós, em cada um, inclusive na oposição e em seus atos.

Ednelson Prado
ednelson.prado@gmail.com
Jornalista


Nota do Editor: Mais um texto sem que seja explicitado o ocorrido segue o "Episódio acontecido no Ipiranguinha".

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