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Opinião
06/05/2008 - 08h03
Sindicato do Capeta
Heitor Fernandez
 

Dizem que o primeiro sindicato foi criado pelo capeta. O anjo Lúcifer, assessor de Deus em assuntos angelicais, teria ficado enciumado ao ver Deus como patrão, cheio de mordomias, dinheiro de dízimos à vontade e com o controle acionário total do Céu. Segundo pergaminhos encontrados no Mar Morto, Lúcifer teria levado suas idéias corporativistas a todos os anjos. Distribuiu panfletos, fez comícios, passeatas e desta forma conseguiu reunir um terço dos anjos a seu favor. Deus investido de imaculada paciência democrática apenas assistia a tudo, calado.

Após cooptar quase metade do céu a seu favor, o anjo reacionário e seus asseclas procurou Deus para reclamar os seus direitos.

“Somos guardiões das almas, leões de chacra do céu, por isso, queremos redução da jornada de trabalho, férias remuneradas, décimo terceiro salário, bolsa família, vale gás, vale transporte, participação nos dízimos e vários benefícios que estamos relacionando enquanto criamos nossa força sindical”. Assim nasceu a CUIA (Central Única de Imposição Angelical), mais tarde passou a ser chamada de SINCA (Sindicato do Capeta).

Diante de tanta presunção, Deus começou a relembrar do tempo de escuridão, quando não havia nada com que se preocupar. Naquela época, havia bilhões de anos de escuridão. Levava Sua vida sedentária numa penumbra tediosa sem ninguém para reverenciá-lo ou sofrer com medo de suas punições. Não havia igrejas, templos, seitas ou mitos em relação a sua existência. Mas também de que adiantava ser Deus se não existia ninguém para saber disso. Ninguém para prostrar-se e sentir medo Dele diante de sua onipotência. Em sua santa sabedoria, lembrou do tempo em que a criação da humanidade era apenas um projeto no papel. Lembrou que criaria um ser fantástico que receberia o livre arbítrio para criar ou viver de maneira primitiva através de “verdades”. Aliás, o ser humano virou especialista em criar “verdades” para si e para os outros.

Lembrou das primeiras religiões que remontam em torno de quatro mil anos, ou seja, dois mil anos antes Dele vir a Terra. Deus, durante esse tempo ficou apenas analisando o comportamento do homem, que mesmo sem saber da existência de uma Divindade já sentia em seu interior que havia alguém superior no universo e criava muitos deuses e mitos.

Lembrou das sagradas escrituras, “No princípio Deus fez o céu e a terra. Criou o universo e no sétimo dia descansou”. Interessante, pensou Ele. Como escreveram que levei seis dias para criar o universo se o dia ainda não existia? Pensou com razão, o dia, trata-se apenas de uma convenção do ser humano sobre o tempo em que a terra leva para dar uma volta completa em torno do seu eixo. Nada a ver com os bilhões de galáxias que compõem o universo.

Nisso, Deus voltou à realidade quando Lúcifer deixou propositalmente cair seu garfo que estava em cima da marmita.

Deus olhou para ele e disse: Você está parecendo mais humano do que anjo e daqui para frente vai viver no meio deles. Você e sua força sindical vão se multiplicar no planeta igual praga e impedir o desenvolvimento de forma que pareça favorável ao trabalhador. Vocês vão estar sempre reivindicando alguma coisa a mais. Quando não houver mais nada para reivindicar vão estar buscando a redução da jornada de trabalho até quererem ganhar sem trabalhar. Vai chegar o dia em que o patrão também vai querer ser empregado.

Para selar nosso pacto pegue seu garfo e retire-se daqui. Você está despedido. Lúcifer pegou seu tridente, reuniu seus incipientes sindicalistas e foi embora. O resto da história todos já estão vivenciando.

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