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SEÇÃO
Crônicas
08/05/2008 - 13h00
Família, crime e amor
Evelyne Furtado
 

É domingo e chove em Natal. Em mim a preguiça alimenta-se desse tempo fechado e do som da chuva. "Sair para almoçar, se acabei de tomar meu café da manhã caprichado?" Não. Prefiro saborear a chuva e a deliciosa sensação que ela me traz. Não tenho fome agora. Basta-me a chuva.

Dia perfeito para não sair do quarto. Dormir, sonhar, assistir a um bom filme, terminar "1808", o livro da vez, que é ótimo e recomendo para todos os brasileiros que desconhecem a versão verdadeira da chegada da família Real ao Brasil. Esse livro merece uma resenha e terá.

Por enquanto escrevo e reflito. São tantos os assuntos sérios que merecem nossa atenção. Estive amando além da conta e sofrendo em demasia. Olhar para o meu próprio umbigo me alienou.

A indignação que tomava conta de mim com as atitudes da classe dirigente passavam ao largo. E eu que apontei tantas vezes o silêncio dos bons, como o fez Martin Luther King em sua sábia frase, só chorava o coração partido, numa autopiedade deslavada.

De repente a menininha assassinada me acordou. E eu que costumo fugir das páginas sangrentas, não consigo deixar de acompanhar esse crime horrendo.

Primeiro torci para que o assassino não fosse o pai. Seria mais uma falha nesse mundo onde já me decepcionei tanto. Agora estou convencida de que foi a madrasta com a cumplicidade do marido e pai da menininha. Desculpem-me o pré-julgamento. Trata-se de uma opinião pessoal.

Não creio que tenha sido intencional. Não acredito que quisessem matá-la. Não posso acreditar. Mas o que me preocupa é em que está se transformando nossa sociedade.

A Veja traz uma matéria com o psicanalista francês Charles Melman, colaborador de Lacan, que me assustou. Diz ele que o núcleo familiar está desaparecendo e que as conseqüências são imprevisíveis. O caso Nardonis certamente é um indício do desastre da dissolução da família.

Arrepio-me! Não quero viver em um mundo assim. A família não é só o ninho que prepara o filhote para vida. Não somos animais. Os fundamentos familiares são os únicos a nos protegerem até o fim da vida e assim deve continuar.

Divórcios e novos casamentos não significam o fim da família. Mas a consciência de que somos responsáveis pelos nossos filhos enquanto estes forem indefesos, defendendo-os, inclusive do novo cônjuge, deve ser cultuada.

Divaguei. Sou assim mesmo. Comecei a escrever sobre o domingo chuvoso, a preguiça e já estava pensando no terceiro mandato que me horrorizou, mas passou. É demais!

Portanto, vou terminar exaltando o amor, para não fugir desse tema, no qual acredito. Em minha opinião o amor é a única vacina contra os absurdos irracionais que estamos assistindo. Só o amor nos abre o coração para os bons sentimentos e nos imuniza contra os males do individualismo.


Nota do Editor: Evelyne Furtado é jornalista, poetisa e cronista em Natal (RN).

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