Que fumar não faz bem para a saúde todo mundo sabe, mas não são bem avaliados ainda os riscos da fumaça produzida pelo cigarro. Muitos fumam buscando um alívio para problemas psíquicos; e pode-se imaginar que atrás da fumaça de um cigarro, haja sempre alguém com problemas e, no mínimo, com baixa auto-estima. Sabendo dos riscos notórios para a saúde, ninguém que se preze pode fumar. A nicotina tem efeitos antidepressivos e se diz que o cigarro é o psicotrópico mais largamente usado no mundo, de baixo custo - se comparado com os medicamentos - e sem necessitar prescrição médica. Aliás, pelos médicos é proscrito, e não prescrito. A desculpa do fumante é que "cada um se mata como pode" e que "ninguém tem nada a ver com isso". Embora defensores extremados do livre arbítrio dos suicidas possam aceitar essa saída, não devem admitir que sejam também "assassinos" potenciais... Na comemoração do Dia Mundial sem Tabaco (31/05) é importante saber que somente 20% da fumaça produzida pela queima do cigarro o fumante aspira diretamente, o restante enche e polui o ar e termina sendo também absorvido, se o ambiente for fechado. Daí já se depreende que fumar em ambiente fechado faz muito mais mal para qualquer um do que ao ar livre. Mas a segunda constatação é que o circunstante está exposto aos 80% da fumaça produzida e, portanto, correndo também alto risco de sofrer das mesmas conseqüências que afetam o fumante. Isso é verdade para todos os malefícios da fumaça: bronquite, enfisema, sinusite, asma, conjuntivite, catarata, câncer de pulmão, câncer de bexiga, qualquer outro tipo de câncer, envelhecimento precoce da pele, impotência sexual, mas também para as artérias coronárias, cerebrais, das pernas, e todo o sistema circulatório. Se alguém duvidar, e ainda não tiver perdido o olfato pela exposição crônica à fumaça, basta cheirar as roupas depois de ficar algum tempo em ambiente fechado com fumantes. Se a pessoa exposta for um cardiopata e tiver já problemas isquêmicos, as conseqüências são ainda piores, podendo acelerar o processo da doença e até provocar crises que podem ser fatais. Para os fumantes inveterados, portanto, sugere-se que ao acender um cigarro, olhem para os lados, e não simplesmente peçam licença para cometer a obscenidade, mas também perguntem se há alguém com problemas cardíacos. E para esses, sugere-se que acionem o agressor na justiça, solicitando compensação por danos físicos. Perdoem-nos por estimular a guerra entre fumantes e não fumantes, mas também é justo que "cada um se defenda" como pode... Nota do Editor: Aloyzio Achutti é Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
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