O TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é definido, segundo o DSMIV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA, 1994) como sendo um “transtorno de desenvolvimento decorrente do mal funcionamento de certas áreas do cérebro que comandam o comportamento inibitório (freio), a capacidade de executar tarefas de planejamento, a memória de trabalho (entre outras funções), determinando que o indivíduo apresente sintomas de desatenção, agitação (hiperatividade) e impulsividade”. Sua prevalência é de aproximadamente 6% e com maior incidência no sexo masculino. Suas causas podem ser genéticas: de caráter hereditário, ocorrendo portanto, entre as gerações; estruturais: focadas principalmente, nas regiões pré-frontal (considerando o comportamento inibitório (freios) e as áreas têmporo–parietais (ajudam na atenção seletiva)); funcionais: baixa produção ou subutilização dos neurotransmissores; fatores ambientais, que engloba família, escola, substância ingerida pela mãe durante o período de gestação; sofrimento fetal e complicação no parto. As principais características do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade são: - baixa tolerância à frustração; - acessos de raiva; - comportamento “mandão”; - teimosia; - insistência excessiva; - instabilidade do humor; - redução das atividades inibitórias (atividade aumentada no hemisfério direito do cérebro); - criatividade; - imaturidade emocional; - inquietação mental permanente (hiper-reatividade externa e interna); - baixa auto-estima; - sensação de incapacidade; - comprometimento e hostilidade nos relacionamentos familiares; - variabilidade de QI (Quoeficiente de Inteligência); - cansaço fácil; - transição rápida de atividades dirigidas a metas; - associações irrelevantes; - consciência confusa; - instabilidade de respostas seletivas; - dificuldade em acionar a memória episódica (funciona impulsividade); - presença de hiperfoco (concentração intensa em um único assunto num determinado período); - muita intensidade: dor, alegria, fé, desespero. Para um diagnóstico adequado é importante a avaliação abrangente para eliminar outras causas e determinar a presença ou não de fatores concomitantes. Normalmente é realizada, por um médico e equipe multidisciplinar. Após a avaliação, a intervenção clínica será analisada caso a caso, para se avaliar as prioridades. Porém, a família e a escola sempre deverão participar do acompanhamento, assim como, os profissionais envolvidos em atividades extracurriculares. A necessidade de medicação será avaliada e direcionada por médico especialista em TDAH, que sempre deverá considerar vários aspectos: paciente, a idade, capacidade de deglutir comprimido, disponibilidade, custo, perfil de efeitos colaterais, adesão ao tratamento e aspectos referentes ao estado físico do paciente de uma forma global. Porém, o que os pacientes e responsáveis devem ter em mente é que os remédios não curam o TDAH, eles tratam, e, se interrompidos, os sintomas podem reaparecer. Para os professores de alunos portadores de TDAH, algumas dicas: - conhecer o TDAH; - conhecer individualmente o aluno; - dar ordens positivas e curtas; - respeitar o ritmo pessoal do aluno; - trabalhar por períodos curtos, com atividade física intercalada; - estabelecer uma organização na sala de aula, física e funcionalmente; - dar oportunidade para a criança ser bem sucedida; - elogiar sempre que ela merecer; - certificar-se de que a criança ouviu e entendeu a instrução dada; - dividir uma tarefa em diversas pequenas e viáveis; - estabelecer um tempo determinado para as tarefas; - chamar a criança pelo nome (para que ela preste atenção), tocar no braço ou usar um sinal não-verbal pré-estabelecido, para que ela preste atenção; - não usar outros horários para a criança fazer tarefas (lanche, intervalo), porque ela precisa correr e fazer exercícios; - não cobrar resultado, mas sim empenho; - estipular regras, fazer combinados e estabelecer limites e impor sanções, já que o TDAH não deve ser usado como atenuante para uma infração grave ou repetida; - perceber qual é o melhor lugar para cada criança se sentar: se na frente, para prestar mais atenção; ou atrás, para poder se movimentar sem incomodar ninguém; - fazer exigências coerentes; - ao fazer mudanças, avisar antecipadamente, pois a criança desatenta se confunde; - evitar superestimulação, quando ela tem sucesso; - utilizar recursos visuais para as atividades, porque a fixação da imagem é melhor do que a do som ; - usar atividades de ensino diversificadas e que exijam a ação da criança, para não serem monótonas nem repetitivas; - quanto mais estímulo mais conexões neurais são realizadas; - estimular e motivar são importantes para o ato de aprender. Ser portador do TDAH não é empecilho para que o indivíduo se torne um profissional capacitado e bem sucedido na vida! O fundamental é ter acompanhamento especializado para a criança, com orientação aos cuidadores. Nota do Editor: Raquel Caruso é psicopedagoga, fonoaudióloga e psicomotricista da EDAC – Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico, em São Paulo.
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