Difícil promover, a níveis razoáveis, uma conscientização social; quase que impossível promover uma mobilização social, mas temos obrigação de zelar pelo lugar em que vivemos, inclusive pela nossa soberania. Vários homens do mar, senhores das águas, homens livres, iguais e fraternos que trabalham nas águas que nos cercam estiveram na Assembléia Legislativa de São Paulo levando o repúdio do setor pesqueiro à criação da APA Litoral Norte. Empresários, comerciantes, candidatos, postulantes a cargos públicos, profissionais liberais, prestadores de serviço e outros confidenciaram sua indignação por essa ingerência, mas ficam em cima do muro pelos seus temores e interesses pessoais. Talvez estejam na moita por acharem que essa medida afeta somente o povo do mar, e que seus negócios não serão afetados. Estão redondamente equivocados. O Governo do Estado de São Paulo em sua Nota Oficial de Esclarecimento foi bem claro e bem vago “...terá um Conselho Gestor onde será proposta a regulamentação das atividades marinhas, incluindo a pesca profissional, artesanal, amadora, o mergulho, pesquisa, lazer, turismo, entre outras”. Entre outras, convenhamos é bem maroto, com exceção do item pesquisa todos os demais estão intimamente atrelados ao desempenho da magra economia do município. Aceitar uma intervenção que tira o mando da pesca em todas suas modalidades, das atividades náuticas, do mergulho, do turismo e inclusive o maroto “entre outras” é o mesmo que aceitar caladinho uma sentença de prisão domiciliar. Outra prisão que já dura 31 anos foi a do Núcleo Picinguaba que levou 80% da área do município onde nada pode ser feito. Face a essa brutal realidade, de nada poder ser feito, os investimentos migram e vão para lugares onde as coisas podem ser feitas. Aconteceu nas duas últimas semanas: · R$ 150 milhões para saneamento básico do litoral sul · R$ 100 mil Governo Estadual para as obras do Porto Novo Caraguatatuba · Duas novas escolas em Caraguatatuba · Paralisadas as obras de reforma na praça Alberto Santos; o repasse de R$ 80 mil do Governo Estadual não veio. Como no entorno do município o progresso, conseqüência dos investimentos, acontece a toque de caixa não seria exagero afirmar que corremos o risco de sermos em futuro bem próximo alguma coisa parecida com o Zoológico descrito na obra de Aldous Huxley O Admirável Mundo Novo. Transcrevo o que um homem do mar está distribuindo: IMPORTANTE CONVITE À POPULAÇÃO: 2ª FEIRA, DIA 19/05, 14h00, Salão da Igreja São Francisco, Rua Professor Thomas Galhardo - Os pescadores de Ubatuba, marinheiros, marceneiros, pintores e mecânicos navais, e demais concidadãos que sobrevivem das atividades marítimas CONVIDAM a população em geral a lhes dar apoio comparecendo maciçamente à reunião de Consulta Pública conseguida junto a Secretária Estadual de Meio Ambiente sobre o projeto “Mosaico de Ilhas” que nos está sendo imposto pelo governo estadual de cima para baixo de forma absolutamente antidemocrática, causando séria e fundadas preocupações à comunidade ubatubense. COMPAREÇAM! MOSTREM A FORÇA DE UBATUBA E enquanto as coisas não acontecem fico procurando respostas. Será que não satisfeito com a Fantasia Plástica agora o secretário esta atrás da Fantasia Marítima? Qual foi a contribuição ecológica e econômica que a preservação e conservação trouxeram ao município até o momento? Qual a verdadeira razão da criação da APA se até o momento não houve interesse do Governo do Estado pelo Núcleo Picinguaba e ilha Anchieta, que são exemplos vivos de deficiência estrutural, falta de equipamentos, insuficiência de verba e pessoal? Se a verdadeira razão não for conhecida fica a impressão de que outros interesses estão sendo atendidos.
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