Neuma, se tão jovem quanto você é, considera-se das antigas, a minha listinha não fica atrás - é medieval. Senão, vamos fazer um flashback: Sou do tempo da Jovem Guarda; de Roberto Carlos; dos Beatles e dos Rolling Stones; do ’Uirapuru Zimbo’, de Sousa; d’Os Águias’, de Barbalha; das quadrilhas de Pesqueira; de Brigitte Bardot; das calças faroeste e US Top; das moedas de duas cabeças; da primeira geração de Crush e de Grapette; do cigarro Continental; do lança-perfume livre; dos carnavais nos corsos e nos clubes sociais; das quatro taboadas e da carta de ABC; e das cartilhas Maravilhosa e do Povo; da radiola portátil e do radinho japonês; das rádios difusoras; de serenatas nas calçadas; de programas de auditório; da camisa volta ao mundo e da blusa banlon; da calça de helanca cigarrete... Sou do tempo em que John Kennedy era o mais charmoso e o mais trágico da temporada; e Jackie a musa low-profile; Ronnie Von era o pequeno príncipe; os hippies mandavam ver na música, na droga e se ferravam; se escreviam cartas a amigos e namorados; professor ensinava; o castigo era de joelhos; padre não casava; se pedia à benção aos pais e avós; se dava bom-dia e boa-noite às pessoas na rua; Papai Noel existia; só se tomava refrigerante em dia de festa (e o chic era o Guaraná); se ouvia novela pelo rádio; sandália havaiana era japonesa; debutar e ser miss era de um glamour...; as moças estudavam em colégio de freiras e os meninos em colégios de padres; garota adolescente era menina-moça; garota namoradeira ficava ’falada’; moça que engravidava, casava à força; quando os pais proibiam o namoro, o casal fugia, para viver junto; bad-boy era cafajeste; namorado(a) era broto; balada era passeio; galera era turma; fumar era in; elegância era etiqueta; gastronomia era arte culinária; as moças passeavam na praça de braços dados e os rapazes ficavam parados, olhando; moças e rapazes flertavam; rave era assustado, e depois virou tertúlia; danças da moda eram twist e bolero; banda era conjunto ou orquestra; tira-gosto era queijo e azeitona; cinema exibia sessões matiné e matinal; crianças vendiam balas e drops dentro do cinema; o cinema tinha cortinas (!) que se abriam devagar em três toques (tuuuuuuummmm), para o filme começar; a missa também só começava quando o sino da igreja chamava em três intervalos (três chamadas); não se esquecia o ’primeiro namorado’; casal de namorados eram três pessoas: o namorado, a namorada e o vendedor de cocada ou o segurador de vela; namorados usavam anel de compromisso e noivos alianças de noivado; padrinhos de casamento eram testemunhas; as mulheres assistiam à missa com véu na cabeça; se fazia promessa ao Pe. Cícero de Juazeiro e ao São Francisco de Canindé; o canto do galo era sagrado; galo cantava à meia-noite; porta de clube era sereno; se conversava em cadeiras nas calçadas; instrumentos chic’s eram piano e acordeon; CD era disco compacto e long-play; disc player era radiola; geladeira era Consul; liquidificador era Arno; beleza era Marta Rocha; filho de papai era playboy; forró era música de pé-de-serra; gel era brilhantina Glostora; brinquedos eram bola e boneca que chorava; Dingobéu era música de Natal; calça que não amassava era Nycron; biquíni era engana-mamãe; parque de diversões era só roda gigante, canoa e carrossel; lâmina de barbear era Gillette; fotolog era álbum; blog era diário; chocolate já era Sonho de Valsa;... Mas, metida como sou, não fiquei vendo o tempo passar, hoje, sou blogueira e internauta, meus amigos vão de aborrescentes à terceira idade, e tenho um filho metaleiro! E você, de que tempo você vem? Se você não foi do meu tempo, pelo menos já sabe o que perdeu...
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